Confesso que já andava extremamente desiludido com as cenas
Dark Folk, Medieval e Industrial. Até mesmo as últimas edições da Cold Meat não
traziam nada de especial. Exceptuando um punhado de nomes, os referidos cenários
estavam, na minha modesta opinião, moribundos. “The Cruellest Month” é o disco
que está a reavivar esse interesse e confiança já perdidos. Tony Wakeford volta
após seis anos com um novo trabalho de estúdio, novos colegas de armas e nova
editora. Treze novos temas do mais negro, depressivo e pessimista Dark Folk, com
toques de Industrial e Medieval. As letras continuam frias, pessimistas e
apocalípticas. Nas palavras de Wakeford: “é uma meditação no envelhecimento e
declínio como indivíduos, impérios e estados. Lida com a questão da crueldade da
vida ser apenas um reflexo da crueldade de deus, ou se somos simplesmente cruéis
porque sim. É uma zona livre de utopias”. Entre temas originais e alguns
tradicionais, devidamente transpostos ao universo Sol Invictus, são cerca de 57
minutos que me agradaram imenso. Bemvindo de volta Sr. Wakeford! www.prophecy.cd / www.myspace.com/solinvictushq
Este é já o segundo álbum dos Norte-Americanos The Flying
Eyes. Os 10 temas que compõem este disco têm uma sonoridade fortemente apoiada
nos 70s, mas ainda conseguem ir buscar influências mais à frente no tempo. A
nota de imprensa já refere os nomes mais fortes e são, evidentemente os que vêm
à cabeça numa primeira audição: Black Sabbath e Danzig. Um Hard Rock que tem
mais de psicadélico e de Blues do que de pesado, esporádicos toques de Folk, e
com um som lo-fi e fuzzy que se traduz numa experiência fortemente hipnótica.
Não serão necessárias drogas, pois a música por si própria consegue induzir-nos
num estado de hipnose extremo. Muito bom. www.tripintime.de / www.myspace.com/theflyingeyes
Os Slim Cessna’s Auto Club têm sofrido diversas mudanças de
line-up ao longo do tempo, e até o seu estilo musical já não é aquele Country
mais tradicional, tendo-se transformando em algo mais negro, mas a essência
continua intacta. Embora o feeling seja algo positivo, desenganem-se, a sensação
é errada, pois o Sr. Slim Cessna apoia-se muito no humor negro, sarcasmo e nos
ambientes decadentes do interior da América. Há algo de bipolar que me atrai na
música deste projecto. Pessoalmente, detesto Country, mas este álbum ouve-se bem
de início ao fim e, sem darmos por ela, já acabou. No entanto, não me faz
carregar “play” de novo. Ajudado por Munly Munly na voz e elementos de bandas
como Tarantella, Blood Axis, The Denver Gentlemen, entre outros, destila 9 novos
temas de Dark Country / Gothabilly / Punk Folk que fará as delícias dos fãs do
género. www.alternativetentacles.com / www.slimcessnasautoclub.com
Dia 1 de Março marca a edição do oitavo longa-duração dos
Britânicos Citizen Fish. Já lá vão 21 anos desde que se formaram, após a
dissolução dos Subhumans e Culture Shock. Mesmo após o regresso dos Subhumans,
lá continuaram no activo. “Goods” surge pouco depois do split com os Leftover
Crack e contém 13 temas da habitual fusão Punk e Ska, sempre muito dançável,
positivo, animado, mas com as típicas letras sócio-políticas e interventivas.
Este é, aliás, um dos pontos positivos, as letras inteligentes, com substância,
e que nos fazem pensar e ter vontade de ser mais activistas; muito diferentes do
“sem futuro” do Punk dos inícios. Algo do novo por aqui? Não. Mais do mesmo. E
ainda bem. www.alternativetentacles.com / www.citizenfish.com