2ª CARTA – JORNAL DE NOTÍCIAS / SEPULTURA (VILAR DE MOUROS 2003):
O assunto que me levou a dirigir-lhe estas palavras foi uma reportagem incluída no Jornal de Notícias Nº330, ano 116, de 20 de Julho deste mesmo ano de 2003. Trata-se de uma reportagem do primeiro dia do festival de Vilar de Mouros, da responsabilidade do Sr. Emanuel Carneiro, incluída na secção “Cultura”, na página 44 da referida edição do jornal.
O que realmente me deixou perplexo foi que, um jornal da vossa dimensão e qualidade, atribua a reportagem de um festival de verão / concerto a uma pessoa que pouco ou nada percebe de música; ou pelo menos é o que deduzo do que li. O que mais me indignou foi o último parágrafo desta reportagem, parágrafo direccionado aos Brasileiros Sepultura, o qual passo a transcrever: “Os Sepultura conseguiram a duvidosa façanha de dar um concerto com a mesma faixa repetida até à exaustão. Não se apanha uma sílaba do que o cantor Derrick Green rosna. “Bullet in the blue sky”, dos U2, foi cilindrado à... bala”.
Comento agora o que este senhor escreveu:
- “... a mesma faixa repetida até à exaustão”? Caso o senhor não saiba, quem é conhecedor da história e discografia da banda, estes conseguiram encaixar temas de toda a sua discografia em cerca de uma hora e quinze minutos em que estiveram em palco. Por lá passaram temas emblemáticos como “Refuse / Resist”, “Roots Bloody Roots”, “Territory”, “Troops Of Doom”, “Arise”, “Beneath The Remains”, entre muitos outros temas de relevo (aliás, diria eu tendenciosamente, todos!).
- “... duvidosa façanha...” ? O que é que o senhor quer dizer com isto? Não percebi muito bem esta parte!
- “Não se apanha uma sílaba do que o cantor Derrick Green rosna.”. Pois bem, eu percebi tudo! Não só por conhecer as letras mas também porque estas são em inglês, e eu falo inglês, um pouco mal, mas falo e percebo alguma coisa. Não se apercebeu disso o senhor? Que era em inglês? Além disso, o senhor Derrick Green rosna? Esta foi a gota de água.
- “ “Bullet in the blue sky”, dos U2, foi cilindrado à... bala.”. Bom, pelo menos o senhor conseguiu reconhecer esta versão de um tema dos U2 (que se calhar é das poucas bandas que conhece!). Mas o tema não se intitula “Bullet in the blue sky” mas sim “Bullet the blue sky” (do célebre álbum “The Joshua Tree” de 1987). Cilindrado? Isso até soa a elogio, mas com certeza não o é. Eu gosto do original e da versão, mas isto porque sou uma pessoa de mente aberta.
Além do texto transcrito, o senhor Emanuel Carneiro adiciona ainda um quadro com pontos positivos e negativos do festival. Nos pontos negativos, com o título “Rock é pedregulho?” refere que “O rock do primeiro serão deve mais ao pedregulho do que à capacidade criativa” e que “... refugia-se apenas nos disparos de adrenalina.”.
Caso não saiba, estes senhores são responsáveis por álbuns importantes não só na cena do Heavy Metal, mas no Rock e música em geral, como “Arise”, “Chaos AD” e “Roots” (este que despoletou o surgimento de bandas como Korn, Deftones, Ill Niño e afins, influenciado-os ao máximo), e não se limitam a viver à custa de glórias passadas, sempre souberam actualizar a sua sonoridade, mantendo-se no topo, mesmo após saída do seu emblemático líder Max Cavalera, e mudança de vocalista, sempre a imagem de marca de uma banda!
Refere ainda neste ponto negativo que a música “... antiga de muitos anos, a música dos Guano Apes, Him, Sepultura e Planet Hemp...”. A única banda “antiga” é Sepultura, pois todas as outras bandas são mais ou menos recentes, tendo no máximo 6 ou 7 anos, enquanto que os Sepultura têm uma carreira de cerca de 20 anos, e essas sim pode-se dizer que não devem nada à criatividade, não trazendo nada de novo à música, sendo apenas fenómenos de “mainstream”.
Além de não conhecer o trabalho dos Sepultura, ainda comete o erro de comparar os alemães Guano Apes aos Red Hot Chili Peppers e ainda os Planet Hemp aos Rage Against The Machine e, ultraje dos ultrajes, sacrilégio diria até, aos Dead Kennedys de “Plastic Surgery Disasters”. Por favor não achincalhe o nome dos Dead Kennedys, os membros da extinta banda fazem-no, e muito bem, sem a sua ajuda. Nem uma nem outra comparação tem cabimento na cabeça de qualquer pessoa que tenha o mínimo de conhecimento de música.
Pode ainda dizer que tem anos de jornalismo ou até mesmo anos de música, mas não acredito nisso. Ouvir apenas bandas das tabelas de vendas ou ouvir apenas bandas consagradas não é gostar de música, é ouvi-la apenas como um entretenimento e apenas o que os media nos “dão a comer”. Isto não para o criticar, pois nem todos podem ter a mesma “doença” em relação à música que eu tenho, mas se não estava à altura de realizar esta reportagem não o fazia, por respeito aos leitores do jornal. Pois trata-se aqui de jornalismo com falta de rigor e profissionalismo.
A sua crítica, senhor Emanuel Carneiro, nada tem de construtiva, pelo contrário, até é destrutiva! Quem lê a sua reportagem e não viu o concerto em questão, ou não conhece a banda, ou conhece mas não esteve lá, gera uma ideia errada e talvez preconceituosa da banda. Preconceito! É isso mesmo o único que o senhor consegue realmente transmitir com as suas palavras!
Todo o seu discurso é preconceituoso (sim, repito mais uma e outra vez!!!) para com o estilo em si, ignorante, repugnante, e acima de tudo arrogante!!! Pensa que as suas opiniões, gostos, ideais são a "lei de ordem"?
Cultura para o senhor devem ser recitais, exposições de pintura, fado, e outros afins. Sim. É cultura, é verdade. Mas isto também o é, embora não reconhecida como tal.
Vê-se mesmo que o senhor não percebe do que falou, pois nem sequer o título de um tema apontou! Onde é que está o jornalista com conhecimento de causa para comentar dignamente este concerto? Assim é que deveria ser: "cada macaco no seu galho", como o povo costuma dizer!!!
Em jeito de despedida convido-o a visitar o sítio dos Sepultura em www.sepultura.com.br ou o sítio do clube de fãs em www.sepultribe.com para se informar melhor, visto que o senhor antes do festival ou mesmo antes de escrever a sua reportagem não fez nenhum “trabalho de casa”.
1ª RESPOSTA (JORNALISTA):
À atenção de Ricardo Santos
Ponto 1 – Deduziu que pouco ou nada percebo de música. Ainda que não me conheça de lado algum, deduza o que quiser. Os eventuais erros são seus.
Ponto 2 – Fica-lhe bem reconhecer que é tendencioso.
Ponto 3 – Não percebe muito bem português, fala mal inglês e escreve português manco. Paciência.
Ponto 4 – Já ouviu falar em metáforas? O “rosna” tem a ver com isso
Ponto 5 – De facto, o tema dos U2 assassinado pelos Sepultura chama-se “Bullet the blue sky”.
Ponto 6 – “Cilindrado” não era, realmente, um elogio.
Ponto 7 – Cuidado com a mente aberta. Com este sol...
Ponto 8 – Na frase em causa, não deve escrever-se “despoletou”, mas sim “espoletou”
Ponto 9 – A música das bandas que refere é muito antiga porque houve quem a fizesse há muitos anos e muito melhor
Ponto 10 – “Erro”, “ultraje dos ultrajes” e “sacrilégio”. A seguir, diz que os Dead Kennedys estão extintos. Tocaram em Portugal no ano passado e estiveram agendados para um festival deste Verão, ainda que sem o Biafra.
Ponto 11 – Acredite no que quiser. Quem falou em doença foi o senhor. Não o vou contrariar.
Ponto 12 – A minha crítica é, de facto, destrutiva. Pela simples razão de a música ser péssima.
Ponto 13 – Se as minhas opiniões, gostos ou ideais fossem lei de ordem, o mundo parecer-me-ia mais justo. Mas não são.
Ponto 14 – “Nem sequer o título de um tema apontou”. Há tendência para esquecer as coisas más.
Ponto 15 – “Cada macaco no seu galho”. Concordo. Por isso, não se aventure na escrita.
Ponto 16 – Vive em minha casa? Então, como sabe se fiz ou não “trabalho de casa”?
Emanuel Carneiro; desde Rua Gonçalo Cristovão, Porto
1ª CONTRA-RESPOSTA (EU):
Caro Emanuel Carneiro:
Antes de mais quero agradecer o facto de ter respondido à minha mensagem anterior.
Serve esta nova mensagem apenas para esclarecer alguns mal entendidos, tanto da sua parte como da minha, e não para iniciar uma corrente de cartas / mensagens de ataque bilateral constante.
Não pretendia ofendê-lo nem pôr em causa o seu trabalho como jornalista, mas sim dar-lhe a conhecer o meu ponto de vista acerca do concerto, banda, música, e desta sua reportagem especificamente.
Peço desculpa se o ofendí, pois parece que o fiz, pelo menos pela maneira como respondeu.
Se quiser responder a esta nova carta, esteja à vontade, mas não pretendo continuar a escrever e responder indefinidamente. Espero que com esta carta e a sua eventual resposta fique tudo esclarecido.
Sem mais de momento, despeço-me cordialmente;
Ricardo dos Santos
Ponto 1 – A minha carta salientava "deduzi", eu não disse que o senhor era ignorante ou que nunca tinha tido um contacto mais aprofundado com música. Pelo menos na área do Hard Rock / Heavy Metal não tem conhecimento. Inúmeras pessoas pelo mundo fora que compram os álbuns e vão aos concertos, e jornalistas de vários jornais e revistas da especialidade, não podem estar errados.
Ponto 2 – Não o sou nem nunca o serei, eu ouço todo o tipo de música. Enquadre a palavra no devido contexto.
Ponto 3 – Eu disse que não percebia português? Voltei a ler a carta que escreví e não ví isso em lado algum. Falo mal inglês, sim, não sou fluente na língua mas se tivesse que ir viver neste momento para um país onde se fale inglês, não "morreria à fome", como costuma dizer o povo. Além disso estava a ser sarcástico caso não tenha percebido. Escrevo português manco. Em primeiro lugar, não sou português, e posso até gabar-me de falar melhor a vossa língua materna do que a maioria dos portugueses. Eu noto isso mesmo na faculdade, o que até é mais grave! Em segundo lugar, pode-se falar do ensino em Portugal. No secundário, como é que sendo eu aluno da área das ciências, na disciplina de português tenho que estudar poesia trovadoresca em português arcaico? Mas isto já não tem nada a ver com o nosso tema. Isso são outras conversas.
Ponto 4 – Eu percebí. Não sou ignorante como o senhor me pretende "pintar" (Oh! Uma metáfora!)
Ponto 5 – Certo.
Ponto 6 – Também tinha percebido esta. Também estava ser sarcástico.
Ponto 7 – Não percebeu? Esta sua piada foi a melhor que ouví na última década. Hoje em dia todos são humoristas.
Ponto 8 – Não posso saber o dicionário todo. Todos os dias aprendo uma palavra nova. Obrigado pela correcção.
Ponto 9 – Neste ponto estamos completamente de acordo. Até mesmo os Sepultura com vinte anos de carreira têm as suas influências, então de Guano Apes e Him nem se fala.
Ponto 10 – Eu sei que alguns dos membros da banda se reuniram, com excepção de Biafra, mas isso já não é Dead Kennedys, e não sou o único a afirmar isso. Esta reunião está, meramente, com olhos postos nos cifrões.
Ponto 11 – As aspas, "doença", servem por vezes para marcar uma metáfora (lá está ela de novo). Eu não vejo a música como algo de mal, muito pelo contrário.
Ponto 12 – Agora é o senhor que está a ser tendencioso e preconceituoso em relação ao estilo de música em questão. A música não é péssima, muito pelo contrário; o senhor é que não gosta. Aceitaria um "não gosto" em vez do seu "a música é péssima".
Ponto 13 – Esta nem vou comentar! Nem sequer acredito que o senhor acredite no que escreveu.
Ponto 14 – A mesma resposta que para o ponto 12. Não é mau, o senhor é que não gosta.
Ponto 15 – Eu não me aventurei na escrita. Eu não estava a tentar escrever um romance ou uma peça de teatro! Apenas escreví uma carta com o intuito de fazer ver o meu ponto de vista em relação ao assunto e manifestar a minha indignação para com o artigo em questão, o qual é, volto a repetir, tendencioso e preconceituoso, não só para com a banda em questão, Sepultura, mas para com todo o cenário Hard Rock / Heavy Metal e todas as pessoas que ouvem este género de música em todo o mundo.
Neste caso, o senhor quer dizer que uma pessoa sem estudos não podería escrever uma carta deste género, como a que eu escreví?
Ponto 16 – Se o fez não o deu a entender, de qualquer maneira peço desculpa se o ofendí.
2ª CONTRA-RESPOSTA (JORNALISTA):
Ponto 1 – Insiste em afirmar coisas sem me conhecer. Esteja à vontade. As unanimidades são perigosíssimas, basta olhar para a história.
Ponto 2 – É tendencioso.
Ponto 3 – Não percebe muito bem português. Por favor, não se aventure pelas tentativas de sarcasmo.
Ponto 4 – A recomendação para o sarcasmo serve para as metáforas.
Ponto 7 – Não tem ouvido muitas piadas nos últimos dez anos, pois não?
Ponto 10 – A banda chama-se Dead Kennedys. Pense pela sua cabeça.
Ponto 12 – A música é péssima.
Ponto 13 – Recorra à primeira parte do ponto 3.
Ponto 15 – Se houve coisa que não me passou pela cabeça quando escrevi sobre os Sepultura foram as pessoas que ouvem hard rock/heavy metal. Portanto, como poderia ser preconceituoso em relação a elas?
Game over.
Emanuel Carneiro
EM JEITO DE FINALIZAÇÃO:
Esta do “game over” deixou-me fodido! Era qualquer coisa do género “a minha opinião é final e universal e ficamos por aqui”. Mas eu já não me preocupei em voltar a responder a este senhor, senão nunca mais acabava isto. Além disso, dá para ver que este senhor é intransigente e arrogante e que esta troca de opiniões não ia parar a lado algum. Decidi esquecer o assunto e este senhor e o seu “profissionalismo” e “ética” (ou falta dos mesmos). Fim da história. The End (isto para não usar a mesma frase em inglês usada por ele).
O assunto que me levou a dirigir-lhe estas palavras foi uma reportagem incluída no Jornal de Notícias Nº330, ano 116, de 20 de Julho deste mesmo ano de 2003. Trata-se de uma reportagem do primeiro dia do festival de Vilar de Mouros, da responsabilidade do Sr. Emanuel Carneiro, incluída na secção “Cultura”, na página 44 da referida edição do jornal.
O que realmente me deixou perplexo foi que, um jornal da vossa dimensão e qualidade, atribua a reportagem de um festival de verão / concerto a uma pessoa que pouco ou nada percebe de música; ou pelo menos é o que deduzo do que li. O que mais me indignou foi o último parágrafo desta reportagem, parágrafo direccionado aos Brasileiros Sepultura, o qual passo a transcrever: “Os Sepultura conseguiram a duvidosa façanha de dar um concerto com a mesma faixa repetida até à exaustão. Não se apanha uma sílaba do que o cantor Derrick Green rosna. “Bullet in the blue sky”, dos U2, foi cilindrado à... bala”.
Comento agora o que este senhor escreveu:
- “... a mesma faixa repetida até à exaustão”? Caso o senhor não saiba, quem é conhecedor da história e discografia da banda, estes conseguiram encaixar temas de toda a sua discografia em cerca de uma hora e quinze minutos em que estiveram em palco. Por lá passaram temas emblemáticos como “Refuse / Resist”, “Roots Bloody Roots”, “Territory”, “Troops Of Doom”, “Arise”, “Beneath The Remains”, entre muitos outros temas de relevo (aliás, diria eu tendenciosamente, todos!).
- “... duvidosa façanha...” ? O que é que o senhor quer dizer com isto? Não percebi muito bem esta parte!
- “Não se apanha uma sílaba do que o cantor Derrick Green rosna.”. Pois bem, eu percebi tudo! Não só por conhecer as letras mas também porque estas são em inglês, e eu falo inglês, um pouco mal, mas falo e percebo alguma coisa. Não se apercebeu disso o senhor? Que era em inglês? Além disso, o senhor Derrick Green rosna? Esta foi a gota de água.
- “ “Bullet in the blue sky”, dos U2, foi cilindrado à... bala.”. Bom, pelo menos o senhor conseguiu reconhecer esta versão de um tema dos U2 (que se calhar é das poucas bandas que conhece!). Mas o tema não se intitula “Bullet in the blue sky” mas sim “Bullet the blue sky” (do célebre álbum “The Joshua Tree” de 1987). Cilindrado? Isso até soa a elogio, mas com certeza não o é. Eu gosto do original e da versão, mas isto porque sou uma pessoa de mente aberta.
Além do texto transcrito, o senhor Emanuel Carneiro adiciona ainda um quadro com pontos positivos e negativos do festival. Nos pontos negativos, com o título “Rock é pedregulho?” refere que “O rock do primeiro serão deve mais ao pedregulho do que à capacidade criativa” e que “... refugia-se apenas nos disparos de adrenalina.”.
Caso não saiba, estes senhores são responsáveis por álbuns importantes não só na cena do Heavy Metal, mas no Rock e música em geral, como “Arise”, “Chaos AD” e “Roots” (este que despoletou o surgimento de bandas como Korn, Deftones, Ill Niño e afins, influenciado-os ao máximo), e não se limitam a viver à custa de glórias passadas, sempre souberam actualizar a sua sonoridade, mantendo-se no topo, mesmo após saída do seu emblemático líder Max Cavalera, e mudança de vocalista, sempre a imagem de marca de uma banda!
Refere ainda neste ponto negativo que a música “... antiga de muitos anos, a música dos Guano Apes, Him, Sepultura e Planet Hemp...”. A única banda “antiga” é Sepultura, pois todas as outras bandas são mais ou menos recentes, tendo no máximo 6 ou 7 anos, enquanto que os Sepultura têm uma carreira de cerca de 20 anos, e essas sim pode-se dizer que não devem nada à criatividade, não trazendo nada de novo à música, sendo apenas fenómenos de “mainstream”.
Além de não conhecer o trabalho dos Sepultura, ainda comete o erro de comparar os alemães Guano Apes aos Red Hot Chili Peppers e ainda os Planet Hemp aos Rage Against The Machine e, ultraje dos ultrajes, sacrilégio diria até, aos Dead Kennedys de “Plastic Surgery Disasters”. Por favor não achincalhe o nome dos Dead Kennedys, os membros da extinta banda fazem-no, e muito bem, sem a sua ajuda. Nem uma nem outra comparação tem cabimento na cabeça de qualquer pessoa que tenha o mínimo de conhecimento de música.
Pode ainda dizer que tem anos de jornalismo ou até mesmo anos de música, mas não acredito nisso. Ouvir apenas bandas das tabelas de vendas ou ouvir apenas bandas consagradas não é gostar de música, é ouvi-la apenas como um entretenimento e apenas o que os media nos “dão a comer”. Isto não para o criticar, pois nem todos podem ter a mesma “doença” em relação à música que eu tenho, mas se não estava à altura de realizar esta reportagem não o fazia, por respeito aos leitores do jornal. Pois trata-se aqui de jornalismo com falta de rigor e profissionalismo.
A sua crítica, senhor Emanuel Carneiro, nada tem de construtiva, pelo contrário, até é destrutiva! Quem lê a sua reportagem e não viu o concerto em questão, ou não conhece a banda, ou conhece mas não esteve lá, gera uma ideia errada e talvez preconceituosa da banda. Preconceito! É isso mesmo o único que o senhor consegue realmente transmitir com as suas palavras!
Todo o seu discurso é preconceituoso (sim, repito mais uma e outra vez!!!) para com o estilo em si, ignorante, repugnante, e acima de tudo arrogante!!! Pensa que as suas opiniões, gostos, ideais são a "lei de ordem"?
Cultura para o senhor devem ser recitais, exposições de pintura, fado, e outros afins. Sim. É cultura, é verdade. Mas isto também o é, embora não reconhecida como tal.
Vê-se mesmo que o senhor não percebe do que falou, pois nem sequer o título de um tema apontou! Onde é que está o jornalista com conhecimento de causa para comentar dignamente este concerto? Assim é que deveria ser: "cada macaco no seu galho", como o povo costuma dizer!!!
Em jeito de despedida convido-o a visitar o sítio dos Sepultura em www.sepultura.com.br ou o sítio do clube de fãs em www.sepultribe.com para se informar melhor, visto que o senhor antes do festival ou mesmo antes de escrever a sua reportagem não fez nenhum “trabalho de casa”.
1ª RESPOSTA (JORNALISTA):
À atenção de Ricardo Santos
Ponto 1 – Deduziu que pouco ou nada percebo de música. Ainda que não me conheça de lado algum, deduza o que quiser. Os eventuais erros são seus.
Ponto 2 – Fica-lhe bem reconhecer que é tendencioso.
Ponto 3 – Não percebe muito bem português, fala mal inglês e escreve português manco. Paciência.
Ponto 4 – Já ouviu falar em metáforas? O “rosna” tem a ver com isso
Ponto 5 – De facto, o tema dos U2 assassinado pelos Sepultura chama-se “Bullet the blue sky”.
Ponto 6 – “Cilindrado” não era, realmente, um elogio.
Ponto 7 – Cuidado com a mente aberta. Com este sol...
Ponto 8 – Na frase em causa, não deve escrever-se “despoletou”, mas sim “espoletou”
Ponto 9 – A música das bandas que refere é muito antiga porque houve quem a fizesse há muitos anos e muito melhor
Ponto 10 – “Erro”, “ultraje dos ultrajes” e “sacrilégio”. A seguir, diz que os Dead Kennedys estão extintos. Tocaram em Portugal no ano passado e estiveram agendados para um festival deste Verão, ainda que sem o Biafra.
Ponto 11 – Acredite no que quiser. Quem falou em doença foi o senhor. Não o vou contrariar.
Ponto 12 – A minha crítica é, de facto, destrutiva. Pela simples razão de a música ser péssima.
Ponto 13 – Se as minhas opiniões, gostos ou ideais fossem lei de ordem, o mundo parecer-me-ia mais justo. Mas não são.
Ponto 14 – “Nem sequer o título de um tema apontou”. Há tendência para esquecer as coisas más.
Ponto 15 – “Cada macaco no seu galho”. Concordo. Por isso, não se aventure na escrita.
Ponto 16 – Vive em minha casa? Então, como sabe se fiz ou não “trabalho de casa”?
Emanuel Carneiro; desde Rua Gonçalo Cristovão, Porto
1ª CONTRA-RESPOSTA (EU):
Caro Emanuel Carneiro:
Antes de mais quero agradecer o facto de ter respondido à minha mensagem anterior.
Serve esta nova mensagem apenas para esclarecer alguns mal entendidos, tanto da sua parte como da minha, e não para iniciar uma corrente de cartas / mensagens de ataque bilateral constante.
Não pretendia ofendê-lo nem pôr em causa o seu trabalho como jornalista, mas sim dar-lhe a conhecer o meu ponto de vista acerca do concerto, banda, música, e desta sua reportagem especificamente.
Peço desculpa se o ofendí, pois parece que o fiz, pelo menos pela maneira como respondeu.
Se quiser responder a esta nova carta, esteja à vontade, mas não pretendo continuar a escrever e responder indefinidamente. Espero que com esta carta e a sua eventual resposta fique tudo esclarecido.
Sem mais de momento, despeço-me cordialmente;
Ricardo dos Santos
Ponto 1 – A minha carta salientava "deduzi", eu não disse que o senhor era ignorante ou que nunca tinha tido um contacto mais aprofundado com música. Pelo menos na área do Hard Rock / Heavy Metal não tem conhecimento. Inúmeras pessoas pelo mundo fora que compram os álbuns e vão aos concertos, e jornalistas de vários jornais e revistas da especialidade, não podem estar errados.
Ponto 2 – Não o sou nem nunca o serei, eu ouço todo o tipo de música. Enquadre a palavra no devido contexto.
Ponto 3 – Eu disse que não percebia português? Voltei a ler a carta que escreví e não ví isso em lado algum. Falo mal inglês, sim, não sou fluente na língua mas se tivesse que ir viver neste momento para um país onde se fale inglês, não "morreria à fome", como costuma dizer o povo. Além disso estava a ser sarcástico caso não tenha percebido. Escrevo português manco. Em primeiro lugar, não sou português, e posso até gabar-me de falar melhor a vossa língua materna do que a maioria dos portugueses. Eu noto isso mesmo na faculdade, o que até é mais grave! Em segundo lugar, pode-se falar do ensino em Portugal. No secundário, como é que sendo eu aluno da área das ciências, na disciplina de português tenho que estudar poesia trovadoresca em português arcaico? Mas isto já não tem nada a ver com o nosso tema. Isso são outras conversas.
Ponto 4 – Eu percebí. Não sou ignorante como o senhor me pretende "pintar" (Oh! Uma metáfora!)
Ponto 5 – Certo.
Ponto 6 – Também tinha percebido esta. Também estava ser sarcástico.
Ponto 7 – Não percebeu? Esta sua piada foi a melhor que ouví na última década. Hoje em dia todos são humoristas.
Ponto 8 – Não posso saber o dicionário todo. Todos os dias aprendo uma palavra nova. Obrigado pela correcção.
Ponto 9 – Neste ponto estamos completamente de acordo. Até mesmo os Sepultura com vinte anos de carreira têm as suas influências, então de Guano Apes e Him nem se fala.
Ponto 10 – Eu sei que alguns dos membros da banda se reuniram, com excepção de Biafra, mas isso já não é Dead Kennedys, e não sou o único a afirmar isso. Esta reunião está, meramente, com olhos postos nos cifrões.
Ponto 11 – As aspas, "doença", servem por vezes para marcar uma metáfora (lá está ela de novo). Eu não vejo a música como algo de mal, muito pelo contrário.
Ponto 12 – Agora é o senhor que está a ser tendencioso e preconceituoso em relação ao estilo de música em questão. A música não é péssima, muito pelo contrário; o senhor é que não gosta. Aceitaria um "não gosto" em vez do seu "a música é péssima".
Ponto 13 – Esta nem vou comentar! Nem sequer acredito que o senhor acredite no que escreveu.
Ponto 14 – A mesma resposta que para o ponto 12. Não é mau, o senhor é que não gosta.
Ponto 15 – Eu não me aventurei na escrita. Eu não estava a tentar escrever um romance ou uma peça de teatro! Apenas escreví uma carta com o intuito de fazer ver o meu ponto de vista em relação ao assunto e manifestar a minha indignação para com o artigo em questão, o qual é, volto a repetir, tendencioso e preconceituoso, não só para com a banda em questão, Sepultura, mas para com todo o cenário Hard Rock / Heavy Metal e todas as pessoas que ouvem este género de música em todo o mundo.
Neste caso, o senhor quer dizer que uma pessoa sem estudos não podería escrever uma carta deste género, como a que eu escreví?
Ponto 16 – Se o fez não o deu a entender, de qualquer maneira peço desculpa se o ofendí.
2ª CONTRA-RESPOSTA (JORNALISTA):
Ponto 1 – Insiste em afirmar coisas sem me conhecer. Esteja à vontade. As unanimidades são perigosíssimas, basta olhar para a história.
Ponto 2 – É tendencioso.
Ponto 3 – Não percebe muito bem português. Por favor, não se aventure pelas tentativas de sarcasmo.
Ponto 4 – A recomendação para o sarcasmo serve para as metáforas.
Ponto 7 – Não tem ouvido muitas piadas nos últimos dez anos, pois não?
Ponto 10 – A banda chama-se Dead Kennedys. Pense pela sua cabeça.
Ponto 12 – A música é péssima.
Ponto 13 – Recorra à primeira parte do ponto 3.
Ponto 15 – Se houve coisa que não me passou pela cabeça quando escrevi sobre os Sepultura foram as pessoas que ouvem hard rock/heavy metal. Portanto, como poderia ser preconceituoso em relação a elas?
Game over.
Emanuel Carneiro
EM JEITO DE FINALIZAÇÃO:
Esta do “game over” deixou-me fodido! Era qualquer coisa do género “a minha opinião é final e universal e ficamos por aqui”. Mas eu já não me preocupei em voltar a responder a este senhor, senão nunca mais acabava isto. Além disso, dá para ver que este senhor é intransigente e arrogante e que esta troca de opiniões não ia parar a lado algum. Decidi esquecer o assunto e este senhor e o seu “profissionalismo” e “ética” (ou falta dos mesmos). Fim da história. The End (isto para não usar a mesma frase em inglês usada por ele).
3 comments:
"Não se apanha uma sílaba do que o cantor Derrick Green rosna". Como é que alguém quer fazer carreira no jornalismo a escrever uma coisa destas? Estes tipos são uns frustrados a quem deram uma caneta para descarregar a frustração. Mas destes eu não tenho medo; tenho sim, daqueles a quem entregam os destinos do mundo, como o sr. Bush. Esses sim, dispõem de algo mais que uma caneta.
Ricardo, eu andei anos a fazer festivais e "jornalistas" destes conheço-os a milhas. Vão lá para comer e beber de graça e pavonear-se com os free pass agarrados ao pescoço. A maioria deles não vê nem ouve nada, saem de lá bêbados como cachos e estão-se literalmente nas tintas para o que vão escrever. Aliás, tanto se lhes dá se vão escrever imprecisões ou não. Eles querem lá saber se uma banda é dinamarquesa ou islandesa. O importante é cumprir o nº de caracteres exigido e justificar o free pass mais a comezaina e os bebes. Andaram o curso inteiro a ouvir falar numa palavra que é a primeira a deixar no caixote do lixo: deontologia.
Não te chateies com esta gente, rapaz. Olha que os Sepultura também não.
Olá,
A avaliar pelo conteúdo dessas cartas, tenho mais gosto em conhecer a pessoa Emanuel Carneiro que tu, mesmo eu sendo fã de Sepultura.
Há que respeitar o próximo, tal como tu gostarás que respeitem o que escreves... e acredita que já li artigos, entrevistas e críticas MUITO MÁS, feitas por ti, neste blog.
Se disseres que não estás cá pelo jornalismo, que é o que se exige, então estás pelos CDs à pala, o que é bem pior!
Se o baterista dos Def Leppard também lesse o que escreves, certamente dava-te uma aula de como se pode usar BEM o braço!
Caro Francisco Marques:
Por acaso não estou a ver de momento a quem me estou a dirigir. Alguma informação nesse sentido era bemvinda.
Em primeiro lugar, eu respeito os outros e o que eles escrevem. Simplesmente, quando usam frases como "A minha crítica é, de facto, destrutiva. Pela simples razão de a música ser péssima" ou "Se as minhas opiniões, gostos ou ideais fossem lei de ordem, o mundo parecer-me-ia mais justo" ou ainda "Há tendência para esquecer as coisas más", aí o que essa pessoa está a fazer é um mero ataque e não jornalismo.
Dizer que a música é péssima não é o mesmo que dizer que não se aprecia. Eu não digo que a música que não gosto é uma porcaria, digo apenas que não gosto, não aprecio ou não entendo! uma opinião favorável ou não é uma coisa, um ataque directo porque não se gosta, é outra completamente diferente! E foi isso que este senhor fez na sua reportagem!
Em segundo lugar; dizes que já leste muitas críticas más neste blog. Ora, queres dizer que estão mal escritas? Ou que não partilhas da minha opinião? Em ambos os casos, não posso fazer nada em relação a isso. Eu não sou jornalista profissional. Faço isto por gosto à música. Não sou pago por fazer isto. O meu português não é dos melhores? Tenho pena nisso, sinceramente, mas faço por melhorar aos poucos. Em relação a ter opiniões diferentes, isso nem necessitamos de discutir, penso eu! Agora, nas minhas críticas não digo que a música é péssima ou que as pessoas não sabem tocar, tento escrever críticas construtivas. E se não gosto do estilo, menciono o facto, tentando manter uma mente aberta na minha audição do disco.
Em terceiro lugar; como já disse, não sou jornalista profissional, estou nisto pela música, e não para receber CDs à borla, como referes, ou para entrar à pala nos concertos, ou outras regalias. Passo muito tempo livre a fazer isto apenas por gosto!
Quanto à última frase, nem vou comentar. Mérito ao senhor, isso é devido. Agora, se a frase tem algo subentendido da tua parte, ou eu não percebí bem o que querias dizer ou então percebí e não interessa comentar porque não é o tipo de caminho que eu gosto de seguir.
Ricardo dos Santos (Fénix Webzine)
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