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Anti-Clockwise - Entrevista

1 – Houve algumas mudanças de formação nos últimos tempos, o vosso novo guitarrista é o Tó Pica (31, ex-Sacred Sin), como é que ele aparece nos Anti-Clockwise e o que é que trouxe de novo à banda?
R: Quando participámos no disco de covers dos Delfins (Delfins Not Dead) e como a gravação ia ser directa (ao vivo) resolvemos convidar o Pica como segunda guitarra para não estarmos a fazer overdubs. Gostamos da experiência e convidamo-lo a entrar para os Anti-Clockwise. Em relação à composição das músicas não alterou muito em relação aos álbuns anteriores, trouxe foi mais elaboração no trabalho das guitarras e agora ao vivo já podemos ser mais fiéis ao que está gravado.

2 – Este novo trabalho, “No one to follow” foi gravado nos estúdios Crossover com o José Sarrufo. Porque a escolha deste estúdio e do Sarrufo?
R: Já conhecemos o estúdio e o Sarrufo há muito tempo e sempre gostámos do trabalho feito. Sem desprimor para com o estúdio onde gravámos os dois álbuns anteriores, achamos que estava na altura de subir mais um degrau na qualidade de gravação para este novo álbum.

3 – Este é o primeiro lançamento dos Anti-Clockwise que não tem edição de autor, desta feita surge uma editora, a Som Livre, mas pelo que me parece apenas fizeram um licenciamento, não é assim? Pretendem com isto controlar muito mais as coisas relativas à banda?
R: Sim, fizemos só o licenciamento para podermos continuar a sermos nós quem detém os direitos. O CD foi entregue à Som Livre tal qual como está, masterização final, capas e vídeos. O que a Som Livre nos dá é uma maior exposição com a distribuição e a promoção que era o que nos fazia mais falta.

4 – Fala-me um pouco das letras deste disco e dos assuntos abordados nas mesmas. E já agora, o que significa o título do disco “No one to follow”?
R: O título pode aplicar-se aos Anti-Clockwise porque não seguimos nenhum estilo, tendência ou moda que esteja a dar no momento. Por muito presunçoso que possa parecer, já chegámos a aquele ponto em que podemos dizer que tocamos a nossa música em vez de dizer que tocamos punk, hardcore, screamo, metalcore ou o que seja que esteja na moda.

As letras são sobre tudo aquilo que me apeteça falar. Não escolho temas “cliché”. Qualquer coisa serve para a minha mente perversa delicodoce vomitar uma obra de arte. Quando sai, sai das entranhas. Tanto pode ser uma imagem numa revista, um filme, uma discussão, um acontecimento cómico/trágico. Mas é sempre de um ponto de vista muito pessoal e raramente são generalistas por isso, muitas vezes, ninguém percebe nada do que estou a dizer.

01: Last Train To My Mind - É sobre as voltas que o meu cérebro às vezes tem de dar para eu sair de uma situação complicada e não ser obrigado a partir tudo à minha volta que é o que normalmente me apetece fazer. O título foi escolhido depois da letra estar feita e foi o melhor que arranjei para as pessoas se perguntarem “o que é que este gajo quer dizer com esta merda?”

02: Slap Your Face - É sobre quem tem e quem não tem força para recomeçar do zero depois de ter perdido tudo. Serve para qualquer tipo de situação.

03: No Feelings Day - Esta é sobre apatia. Às vezes acontece-me e o mundo podia desabar à minha volta que eu não me iria preocupar muito.

04: Beauty Paranoia - É sobre o culto da beleza e juventude eterna que se cultiva hoje em dia com a agressividade e a estupidez que se conhece.

05: Fashion Up The Ass - O mesmo assunto que a anterior só que tem um titulo anal.

06: Put Your Mask On - Sobre aparências, o medo de assumir e ser diferente e querer ser algo que não se é.

07: Cocksucking (Your Way To The Top) - Tal e qual o que o titulo diz: Chegar ao topo através da bela da brochada.

08: Stay Cool, Stay Beautiful - Um manifesto contra os medíocres que estão sempre a culpar terceiros dos seus insucessos e se sentem incomodados com o sucesso dos outros.

09: You Got Me So (Knocked Out) - Esta é pessoal e a pessoa em questão sabe que é sobre ela.

10: Mental Diarrhoea - Quando o cérebro começa a descarregar informação e não tem tempo para a filtrar começam a sair pela boca barbaridades descomunais. Isso acontece normalmente quando se discute e os ânimos se exaltam.

5 – Como é que tem sido a aceitação ao disco, tanto a nível de imprensa como de público?
R: O disco saiu há pouco tempo mas até agora a aceitação tem sido boa. Mas nós temos consciência que temos aqui um bom disco com 10 boas músicas e não um disco com uma grande música para passar nas rádios e outras 9 só para encher. Não existe um consenso em relação à melhor música do álbum o que para nós é motivo de orgulho, mas isso também já acontecia com o anterior.

6 – E em relação às actuações ao vivo, têm surgido algumas oportunidades de apresentar esta nova edição? Como é que têm corrido esses concertos?
R: O facto de a edição do CD ter sido alterada várias vezes, baralhou um bocado a nossa agenda porque tivemos que alterar muitas datas. Assim, desde que o CD saiu para a rua (12 de Fevereiro), temos estado a promove-lo nas rádios e imprensa escrita e só em Março é que recomeçamos a promove-lo ao vivo pois temos sempre dado alguns concertos aqui e ali, sem contar com as nossas idas regulares a Espanha o que já se tornou um hábito. A agenda está a ser preenchida aos poucos e podem consultá-la no nosso site www.anti-clockwise.net ou no MySpace www.myspace.com/bandanticlockwise. O primeiro concerto foi dia 10 de Março no Satori em Loulé, seguiu-se o Lótus Bar em Cascais no dia 25 de Março e dia 7 de Abril fomos até Coimbra tocar com os ingleses Tokyo Dragons. Em Maio não vamos tocar ao vivo porque o Pica tem já à bastante tempo uma tendinite num pulso e vai aproveitar este mês para fazer fisioterapia. Vamos recomeçar em Junho com concertos no Porto, Moita, Brenha, Barreiro, Lisboa e outros que estão a ser tratados. Estamos também a planear uma tour para a Europa para Outubro/Novembro com concertos em Espanha, Holanda, UK e talvez Escandinávia.
Por norma os nossos concertos correm sempre bem. Damos 150% e acabamos sempre de rastos.

7 – O som dos Anti-Clockwise é simples e directo mas com algumas audições atentas notam-se influências diversas que vão desde o Punk de 77 ao Hard Rock mais tradicional, passando por algum Metal. De onde provêm as inspirações para a sonoridade da banda?
R: Apesar de eu hoje em dia ouvir muita coisa, as minhas referências sempre foram o Punk de 77. O JB era mais virado para o Hard Rock e para o Metal assim como o Pica e o Hugo sempre gostou mais de Pop Rock mas quando formámos os Anti-Clockwise não dissemos “vamos formar uma banda punk” ou “metal” ou vamos tocar como esta banda ou como aquela… apenas resolvemos ir tocar juntos. O resto saiu com naturalidade. Cada um tem os seus gostos, as suas referências etc. A única coisa que decidimos é que a nossa música teria uma bateria, um baixo e guitarras fortes.

8 – Quais são os vossos projectos para um futuro próximo?
R: Continuar com as acções de promoção, tocar o máximo possível e tentar licenciar o disco noutros países.

9 – Como vês a cena musical actual, Rock, Punk, Hard ‘N’ Heavy, etc., no geral e em particular em Portugal? Que novas bandas e/ou tendências te têm despertado mais interesse?
R: Sinceramente as novas bandas e tendências não me despertam nenhum interesse. Só ouço clássicos. E há sempre bandas antigas por descobrir. A música agora é demasiado tratada em estúdio o que faz com que soem todas ao mesmo. Os plug Ins tiraram a alma à música.

10 – Em jeito de despedida, queres deixar uma última mensagem ou ideia ou algum assunto importante que tenha ficado por referir?
R: Se ao fim de 10 anos, sem apoios, ainda estamos aqui é porque sempre acreditámos e tivemos prazer no que fazemos. Enquanto for assim cá continuaremos.

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Anti-Clockwise: www.anti-clockwise.net
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Entrevistador: RDS
Entrevistado: Pedro Coelho (voz e guitarra)