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Assassinner - Entrevista

1 – Em primeiro lugar, e como enquadramento histórico de Assassinner e dos seus músicos, poderias dizer-me o que aconteceu aos Str@in para desaparecerem pouco após a edição do CD álbum de estreia?
Xne – Uma banda é sempre algo de muito efémero.
De facto, após a edição do trabalho de estreia dos Str@in e quando já tínhamos composto novo material para um segundo trabalho, divergências internas precipitaram o fim da banda.
Ora, entendendo a música como fonte de prazer, quando o ensaiar se torna algo de aborrecido e enfadonho, consequência de desentendimentos pessoais associadas a discordâncias musicais tudo se torna insustentável.
Tanto mais, que para uma banda lograr o que Str@in alcançou na sua época, presume uma enorme paixão pela música, verticalidade de carácter e determinação.
O facto de apenas três membros da banda terem continuado a entender a música como uma componente importante das suas vidas é em tudo revelador…
A música é para nós Assassinner uma fase para toda a vida… lol

2 – Fala-me um pouco da história dos Assassinner desde a sua concepção até à data.
Xne – Depois de Str@in seguiram-se alguns anos a deambular de projecto em projecto, sempre de cunho underground contudo menos ambiciosos que Assassinner lol.
Neste hiato fomos desenvolvendo capacidades e aperfeiçoando novas técnicas, pois enveredamos por caminhos que extravasavam o domínio do Hard & Heavy.
No entanto, nunca nos sentimos satisfeitos com o resultado final.
Dessa insatisfação surgiu a vontade de voltar a “casa” e trabalhar com aquilo que tínhamos, ou seja, um baixo e uma guitarra.
As vozes foram um acréscimo de trabalho, uma vez, que das audições que realizamos a vários interessados, os resultados pareciam, irremediavelmente, descaracterizar a essência da banda.
Para mim, não seria algo novo, uma vez que as vocalizações até à gravação de “Against the Rules” – Crackdown, incluindo as linhas de voz da mesma, foram asseguradas por mim apesar de gravadas pelo recente membro da banda, Nuno Anselmo.
Realidade, totalmente, nova terá sido para o Ary, que assim viu um acréscimo de trabalho e competências lol.
No que concerne à bateria, também não escapamos a longa travessia no deserto até, finalmente, se conjugarem as condições para o ingresso do guerreiro Raulzão lol.
Depois foi deixar fluir os ensaios e constatar que a química da malta jamais desaparecera. Não foi, nem tem sido tarefa fácil a conciliação da vida pessoal com a actividade da banda, no entanto, a gratificação de poder partilhar uma paixão com amigos de longa data tem falado mais alto.

3 – Descreve os processos de composição e gravação desta estreia em maquete “Other Theories Of Crime”.
Xne – Os temas de “Other Theories of Crime” resultam dos primeiros ensaios, daquilo que mencionava na questão anterior quando referia que a química da malta continuava a funcionar.
Eu e o Ary tínhamos já algumas ideias em mente, mas que apenas se materializaram quando ensaiamos no formato núcleo duro lol.
Realizamos uma pré-produção na Fábrica de Som para limar algumas arestas, ou seja, para saber exactamente aquilo que queríamos aquando da jornada no UltraSound Studios.
Para nós foi um processo simples, sentimo-nos bastante confortáveis a gravar com o Daniel Cardoso e com o Pedro Mendes.

4 – A maquete soa-me mais Thrash / Hardcore, na linha do que faziam nos Crackdown, do que propriamente a fusão moderna dos Strain. O material saiu assim espontaneamente ou este voltar às raízes foi, de certa forma, premeditado?
Xne – Esta questão confirma basicamente aquilo que já tenho referido ao longo desta entrevista, o line-up de Crackdown estará mais próximo de Assassinner do que propriamente o de Str@in daí o som ser mais próximo entre ambas. Mas nada foi premeditado, as pessoas é que continuam a ser as mesmas lol.

5 – Sobre que assuntos incidem as letras da banda?
Xne – As letras são o relatar de experiências acumuladas, de visões do mundo, retratos de comportamentos de massa nos quais todos nós nos inserimos, de simples rotinas diárias, de valores estabelecidos, um misto amor/ódio lol.

6 – Quais são as vossas principais influências musicais, assim como outro tipo de influências (literatura, cinema, ideologias)?
Xne – As nossas influências musicais estarão dentro dos movimentos Thrash Metal e HardCore dos inícios dos anos 90

7 – Pouco depois da maquete estar nas ruas, surge a colaboração com a Poison Tree. Como é que surgiu esta colaboração? Trata-se apenas de uma distribuição online, não é assim?
Xne – Essa colaboração surge na sequência dos contactos encetados pela banda a nível internacional.
A Poison Tree Records avançou uma proposta para distribuição mundial, na plataforma digital, de “Other Theories Of Crime”, a qual optamos por assinar. Ambas as partes poderão ou não manter o vínculo para edições futuras.

8 – Como é que os Assassinner estão em termos de concertos de promoção?
Xne – Temos realizado bastantes concertos desde o lançamento de “Other Theories of Crime”.
As zonas norte e centro do país foram bastante visitadas e esperamos agora tocar na capital.
Acreditamos estar presentes em alguns eventos de verão

9 – Suponho que já tenham temas novos, que estejam a usar nos concertos, e que estes sejam suficientes para um álbum. É algo a concretizar brevemente ou ainda não têm contactos nesse sentido?
Xne – Sim, é verdade, temos tocado ao vivo algumas músicas que foram compostas posteriormente aquelas presentes na demo de estreia.
Contudo, os temas a incluir num possível álbum ainda estão em fase de maturação… lol.
Planeamos que o nosso trabalho seguinte se consubstancie num registo de longa duração, seja em edição de autor ou não!

10 – Tens já alguns anitos no Underground nacional, com bandas anteriores a esta, como já referido nesta entrevista. Como vês a evolução da cena Underground nacional desde que começaste a fazer parte da mesma até hoje? Que bandas, editoras, promotores de concertos, revistas e outros da cena musical podes realçar?
Xne – Esta pergunta levaria a uma discussão que extravasa o propósito desta entrevista, no entanto, surpreende-me o facto de apesar os enormes avanços no acesso à informação, no acesso a equipamentos, a trabalhos de artistas, o som underground se caracterizar por uma uniformidade sem precedentes…
Há muitas bandas a soar igual entre si, sem carácter, sem carisma, bandas que berram quando nada têm a dizer.
Contudo, temos o outro lado, há também quem tenha sabido retirar o melhor deste acesso mais facilitado à informação e continue a tocar heavy metal realmente… lol.

11 – Tens agora espaço para deixar uma última mensagem aos leitores da Fénix.
Xne – Aproveito esta possibilidade, para agradecer à Fénix pelo interesse e disponibilidade demonstrada, quero também deixar uma palavra de apreço aos seus leitores e convidar os interessados a uma visita ao myspace da banda.
Desta forma, poderão inteirar-se das novidades dos Assassinner e respectiva agenda de concertos, bem como, se o desejarem, solicitar o envio da demo “Other Theories Of Crime” a qual temos o prazer de oferecer.
Cheers!!!

Entrevistador: RDS
Entrevistado: Alexandre Santos aka Xne (Baixo / Voz)

www.myspace.com/assassinner