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Monday

Vagos Metal Fest, 9 a 12 Agosto, 2018



Vagos Metal Fest, 9 a 12 Agosto, 2018
Vagos, Portugal

Realizou-se entre os passados dias 9 e 12 de Agosto a 3ª edição do Vagos Metal Fest. Depois de alguns problemas em 2016 com a produção do festival, e o consequente abandono da promotora anterior, sangue novo pegou no leme e, com nova designação, reavivou a chama. Fica ainda a nota positiva para a Câmara Municipal de Vagos que teimou em não deixar o festival desaparecer e manteve o apoio à iniciativa.
Alguns problemas do ano anterior foram corrigidos, mas surgiram outros, infelizmente. No entanto, as críticas e sugestões servem para isso, ajudar a limar as arestas.


A edição deste ano pauta pela negativa na questão do péssimo som que se fez ouvir na maioria das bandas, algumas de topo de cartaz. A actual dinâmica de 2 palcos consecutivos é bem-vinda, sem longas e aborrecidas pausas entre bandas, mas leva ao problema do som, por não se fazer um soundcheck prévio. Outra situação que incomodou algumas bandas e, especialmente o público, foi a insistente falha de energia, que levou a abruptas paragens em concertos de Orphaned Land, Cradle of Filth e Moonspell. Ao 3º dia esta falha parece ter sido remediada. São situações que não se podem repetir em futuras edições.


Como já referido, a dinâmica de 2 palcos é positiva, mas levou a organização ao exagero de contratar muitas bandas para “encher” cartaz. Em futuras edições deveria apostar-se em menos bandas, mas com mais qualidade e apelo global. Os 4 dias também foram um exagero, pois 3 dias são suficientes. Qualidade acima de quantidade. A opinião não é apenas minha, mas da maioria do público, pelo que ouvi falar no recinto, o que li na internet, assim como conversas com amigos e conhecidos.
Mas passemos à música propriamente dita. Obviamente, com 40 bandas em cartaz, concertos a começar a meio da tarde e a acabar às 3 da manhã, torna-se impraticável para o público, e para este escriba, assistir a todas as prestações.


No primeiro dia, 9, o realce é feito à actuação dos Orphaned Land. Apesar de o som não ter sido o melhor, e de alguns cortes de energia na recta final, os Israelitas não desiludem os seus fãs. Um setlist balançado e a habitual boa disposição e forte presença do vocalista ajudaram à prestação que poderia ter sido memorável, não fossem as falhas externas à banda já mencionadas.


No dia 10 pode-se realçar o regresso dos veteranos, em carreira e em passagens por Portugal, Ratos de Porão. Não direi que foi o melhor concerto que já vi da banda Brasileira, mas um concerto mediano de Ratos é sempre motivo de festa para os amantes de música extrema. Deu para o aquecimento, mas não foi memorável, de todo. Masterplan não tiveram o respeito devido, com actuação no palco secundário e som que mais parecia do local de ensaio. Uma banda com músicos veteranos da cena Hard ‘N’ Heavy merecia mais. Apesar disso parece ter agradado mais ao público do que, por exemplo, os Sonata Arctica. Moonspell era banda aguardada por muitos, por trazer a novidade “1755” na bagagem. Não falemos dos detractores de Moonspell, pois isso daria conversa alargada para a qual não temos tempo nesta reportagem. A falha de energia manchou uma actuação fantástica. Pessoalmente não gostei muito do álbum, mas ao vivo os temas parecem ganhar outra dimensão. Estava a gostar até que surgiram os problemas que aborreceram tanto membros da banda como fãs. Soube a pouco. Converge nunca foram santos de minha devoção. Nunca consegui encaixar o estilo. No entanto, enquanto comia a minha sandes de porco assado, ao longe consegui vislumbrar um concerto cheio de energia, som potente e prestação exemplar dos membros. Já gostei mais de Cradle of Filth, banda que vi pela primeira vez nos idos de 1994 no festival Ultrabrutal de Penafiel. Um par de concertos miseráveis em terras lusas, alguns álbuns medíocres, e as atitudes insuportáveis de Dani Filth que levaram a banda a perder não só músicos mas também alguns fãs, afastaram-me da banda para sempre. No entanto, devo dizer que neste momento estão fortes ao vivo e o concerto até me surpreendeu pela positiva. Continuo a não gostar pessoalmente, mas dou a mão à palmatória e volto a afirmar que ao vivo estão de boa saúde. Foi a banda que o público, na sua maioria, mais gostou. Ainda comecei a ver a actuação dos Attic, mas a voz do senhor afastou-me imediatamente. O senhor não é de todo King Diamond (hint para a organização!).

O dia 11 marcou a desilusão de alguns elementos do público devido ao cancelamento dos Franceses Dagoba. Os habituais trolls da internet foram rápidos a puxar do gatilho e rogar pragas à organização. Caros amigos, estas situações acontecem em todos os festivais. É uma situação que foge ao controle da promotora. A banda já está confirmada para 2019. Os Sonata Arctica estiveram bem, mas não encantaram. Competentes, eficazes, mas faltou um extra que elevasse a prestação a algo mais do que aquecimento para o que viria a seguir. Além de que o estilo não faz propriamente a delícia da maioria dos festivaleiros. Os Holandeses Carach Angren foram, sem dúvida, uma das surpresas do festival, com uma prestação irrepreensível musicalmente e muito teatral. Fiquei com a certeza de que saíram de Vagos com mais fãs Portugueses do que os que tinham antes. Aguarda-se o regresso a nome próprio. Kamelot é uma banda que se ama ou se odeia. A banda tem fás acérrimos em Portugal mas, no outro extremo, são alvo de brincadeiras por parte de quem os apelida de grupo de festival da Eurovisão (além de outras piadas sem gosto que me recuso a reproduzir). Depois de já terem passado por Vagos há uns anos atrás, ainda com Roy Khan como vocalista, este é o retorno com o Sueco Tommy na voz. A prestação foi irrepreensível, com todos os membros a darem o seu melhor, com um setlist balançado e, tal como Orphaned Land na primeira noite, poderia ter sido algo inesquecível, mas o som horrível frustrou essa hipótese. De qualquer modo, o som não esteve tão mal como na banda seguinte, Enslaved. Foi com certeza o pior som de todo o festival, o que levou muitos, eu incluído a abandonar e dar por finalizado o dia.


Quarto dia, 12, o cansaço começa a fazer-se notar. Infelizmente, não tive oportunidade de ver o grande Ross The Boss, mas as opiniões recolhidas foram positivas. Outro cancelamento, neste caso o dos grandes Sinister, outra banda que gostaria de ter visto. Como já referido, estas coisas acontecem e são externas à organização do festival. Integrity é uma banda que sigo há anos e estava com expectativa de ver ao vivo. Não desiludiram. Hardcore metalizado com toques de Sludge feito da maneira certa. Pelo menos é a minha opinião. Gostaria de os voltar a ver em nome próprio e em recinto fechado. Municipal Waste era uma das bandas mais solicitadas pelos festivaleiros e a organização teve olho ao trazê-los a Vagos. A banda foi uma das que mais poeira fez levantar em todo o festival. O mosh pit à frente do palco, e os seguranças, não teve descanso durante toda a actuação. Um dos pontos altos do festival, sem dúvida. Já podem voltar que serão bem-vindos. Segundo um comunicado, os Ensiferum perderam a sua bagagem, instrumentos incluídos, graças à companhia aérea em que viajavam. A banda insistiu em actuar e, depois de se arranjar uns instrumentos, fizeram um set acústico. Poderia ter sido uma das desilusões do festival e acabou por se tornar num momento único em que se criou uma química fantástica entre banda e público. Outro dos momentos inesquecíveis deste Vagos 2018. Os veteranos Suicidal Tendencies proporcionaram outras das melhores actuações do festival. Mike Muir não parece envelhecer ou perder a genica, Dean Pleasants ainda toca tudo tal como nas versões de estúdio, e a adição de Dave Lombardo na bateria é a cereja no topo do bolo. Aliás, atrevo-me a dizer que Lombardo é mais do que isso, ajudando a banda a chegar mais alto com um som potente e certeiro. Temas de quase todos os álbuns ao longo de uma hora que terminou numa invasão de palco por parte do público. Apesar de haver ainda mais duas actuações, a noite já ia alta e o cansaço não perdoava. SxTx fechou para mim com chave de ouro o Vagos Metal Fest 2018.


Para o ano lá estaremos de novo, sempre com esperanças de melhorias a vários níveis. Aguardamos principalmente melhorias no som, sem cortes de energia, menos quantidade e mais qualidade em relação às bandas contratadas, e talvez um nome ou dois mais fortes para subir a fasquia.

Se ainda estás a ler, muito obrigado pelo teu tempo, abraços, e até para o ano!

Ricardo dos Santos, Fénix Webzine
Fotografia: Carlos Palavra / Office CAPhoto


Sunday

ENTREMURALHAS 2017 – FESTIVAL GÓTICO VIII EDIÇÃO – 24, 25, 26 AGOSTO CASTELO DE LEIRIA


ENTREMURALHAS 2017 – FESTIVAL GÓTICO
VIII EDIÇÃO – 24, 25, 26 AGOSTO
CASTELO DE LEIRIA


A 8ª edição do festival gótico Entremuralhas regressou novamente Castelo de Leiria nos passados dias 24, 25 e 26 de Agosto. Depois de três cancelamentos e da associação cultural Fade In ter visto à prova a sua resistência, o festival arrancou em força como previsto. De louvar a perseverança de Carlos Matos e da Fade In. São poucos os que hoje em dia o fazem por amor à causa.
Diariamente apenas é permitido um total de 737 pessoas no recinto. Esta é uma imposição que evita danos de maior no interior do Castelo de Leiria. Acaba por servir também como questão estética e confere um carácter mais intimista ao festival. O próprio ambiente em que se enquadra, o Castelo de Leiria, confere um ambiente único que não se encontra noutro festival.

No dia 24 as actuações decorreram apenas no palco corpo. O espanhol Ramos Dual iniciou a celebração pelas 21 horas. O baterista de projectos como Beggar’s House, La Inesperada Sol Dual e Malparaíso trouxe na bagagem a sua mais recente proposta "DrumSolo”, um álbum de Techno-Punk Lo- fi a solo e centrado na bateria. Ao vivo fez-se acompanhar pela sua Pupila e os visuais de Lämpara. O aquecimento para os 3 dias estava feito.

Cerca de 1 hora depois é a vez de subir ao palco Bestial Mouths. O quarteto oriundo dos EUA pratica uma fusão de electro-goth, industrial e post-punk com vocalizações reminiscentes de Diamanda Galás, Siouxsie Sioux ou Lydia Lunch. Tal como no anterior projecto, também aqui as projecções vídeo têm um papel preponderante. Uma actuação irrepreensível e que soube a pouco. Aguarda-se uma segunda vinda ao nosso país a nome próprio.

Passava pouco das 23 horas quando os franceses Position Parallèle subiram ao palco. O duo pratica um synthpop minimal de orientação 80s vocalizado na língua materna. Geoffroy Delacroix (dos Dernière Volonté) e o fotógrafo Andy Julia (Soror Dolorosa, Dernière Volonté) apresentaram assim o seu 3º e mais recente trabalho “En Garde À Vue”. A sonoridade dançável e melódica com refrões cativantes deixou o público do Entremuralhas a dançar. Uma prestação extremamente positiva que fez o projecto ganhar mais alguns fãs.

Por volta da meia-noite subiram ao palco os portugueses Pop Dell’Arte. Há já algum tempo afastados dos palcos e das edições (salvo um par de prestações ao vivo) a banda liderada por João Peste trouxe a Leiria um concerto antologia que percorreu as três décadas de existência. Houve tempo ainda para material novo a figurar no novo disco de estúdio que está a ser preparado. “Querelle”, “My Funny Ana Lane”, “La Nostra Feroce Volontà D'Amore”, “Sonhos Pop” ou “Rio Line” forma alguns dos temas que se fizeram ouvir. O ponto alto do primeiro dia do festival.

No dia 25 já tivemos direito a actuações nos três distintos palcos. Pelas 18 horas as festividades iniciaram no palco da Igreja da Pena. Simone Salvatori dos Spiritual Front apresentou-se a solo, mundo apenas da sua guitarra, e em formato acústico interpretou temas da sua banda de origem em toada Folk. Será difícil descrever a prestação do mesmo pois a limitação física da Igreja da Pena não permite um grande número de espectadores. Entre umas espreitadelas de lado e o som que se ouvia do lado de fora, conseguiu-se captar o tom intimista da prestação do músico Italiano.
Ao mesmo palco subiu o duo francês Dear Deer com o seu post-punk de contornos electrónicos e influência no-wave NY e industrial. Formados em 2015 traziam na bagagem o seu álbum de estreia ”Oh My…” e que serviu de mote para a sua prestação. Mais uma vez, e pelo motivo acima descrito, será difícil explanar o que são os Dear Deer em palco, mas o ambiente geral e recepção por parte do público foi positiva.

Da Igreja da Pena partimos para o palco secundário chamado de Palco Alma. Este foi um ano de estreias em Portugal, sendo também este o caso do trio francês Bärlin com a sua música negra e densa de forte componente jazzística e cabaret, inspirada em nomes como Tom Waits, Morphine, Nick Cave ou Tuxedomoon. A sua inclusão no cartaz do Entremuralhas poderá ser algo estranho mas, é mesmo desta diversidade de sonoridades que vive o festival.

Depois dos franceses foi a vez de um dos nomes mais fortes do cartaz, os veteranos In The Nursery, liderados pelos gémeos Humberstone. Desde 1981 a destilar música neoclássica / dark wave / martial de contornos cinemáticos. O que se poderá dizer de uma banda veterana em palco? Algumas perdem a vitalidade e a urgência. Não é o caso destes britânicos que ainda estão em boa forma e se recomendam vivamente. Outro dos pontos altos do festival.

Já no palco principal, denominado de Palco Corpo, os franceses Vox Low apresentaram a sua fusão de electrónica dançável, psicadelismo e krautrock dos 70s. Com influências tão diversas como Suicide, Bauhaus, Joy Division, The Cure, Can ou Neu é outra prova da diversidade saudável do festival, provando que gótico não é apenas um estilo definido de música, mas um estado de espírito. Não foi a minha prestação favorita, mas tem apontamentos interessantes e foram bem recebidos pelo público presente no castelo de Leiria.
A fechar o segundo dia o, também francês, James “Perturbator” Kent. Synthwave de inspirações 80s e cyberpunk com um forte estilo cinemático foi o que Perturbator nos apresentou. Em termos visuais não vejo muito interesse numa única pessoa em cima de um palco com o olhar constantemente nos sintetizadores. Torna-se algo impessoal e pouco apelativo ao sentido visual. No entanto, a música agrada, e foi isso que se fez sentir. Uma atmosfera de festa e dança.

O último dia de festival iniciou de novo na Igreja da pena com os espanhóis Àrnica. Folk Ibérico de contornos ritualistas e uma forte componente visual. Volto a remeter para o reduzido espaço disponível na Igreja que não permitiu assistir em pleno à actuação desta e da banda seguinte. Sendo o único projecto do género no cartaz serviu para “aliviar” da componente electrónica que premeia o festival.
Seguiram-se os Gregos Selofan. Duo composto por Dimitris Pavlidis e Joanna Badtrip, responsáveis pela editora Fabrika Records. Post-Punk / Darkwave gélida e minimalista foi o que nos apresentaram através dos temas dos seus três discos, sendo o mais recente “Cine Romance” deste ano de 2017. Não conhecia mas gostei da componente musical e, do pouco que consegui ver em palco, também me agradou a sua prestação. Aguardo com expectativa mais uma vinda dos Selofan a território nacional.

Este ano de 2017 está a marcar o regresso com força do fadista Paulo Bragança. Depois de na década de 90 ter editado quatro discos e, infelizmente como é habitual em Portugal, a sua forma arrojada e vanguardista de encarar e interpretar Fado não ter sido bem aceite pelo público, imprensa e pares da indústria, este fez um retiro de vários anos na Irlanda. A prestação no Palco Alma do Entremuralhas 2017 veio demonstrar que Paulo Bragança está de volta e com vontade de reclamar o seu lugar na música em Portugal. Além de temas dos discos anteriores, houve tempo para temas novos a incluir no próximo registo de originais, assim como a versão de “Soldado” dos Sitiados (dedicada à memória de João Aguardela), e o tema “A Névoa“ (colaboração com Carlos Maria Trindade para ”Onda Sonora: Red Hot + Lisbon” em 1998). Foi sem dúvida a minha prestação favorita de todo o festival. Como já li numa das notas de imprensa do festival, e concordo especialmente, se existe fado gótico, estamos perante o seu expoente máximo.

O último nome a pisar o Palco Alma veio da Suécia. Nicole Sabouné apresentou-se em formato de quinteto e apresentou temas dos seus dois discos de originais. Foi o único projecto deste ano com uma toada mais roqueira, o que me agradou imenso. Musicalmente encontram-se influências de nomes como Cocteau Twins, Dead Can Dance, Siouxise And The Banshees e até mesmo The Gathering na sua fase mais experimental. A nível vocal Nicole apresenta registos próximos de Siouxsie Sioux ou Lisa Gerrard. Outra das surpresas do festival e que espero voltar a ver ao vivo noutra ocasião.



Já no Palco Corpo e preparados, ou não, para a descarga que se seguiria. Os alemães Atari Teenage Riot foram uma das últimas aquisições para o cartaz do Entremuralhas. Poderia parecer um nome algo desenquadrado do carácter mais dark do festival mas, se dúvidas haviam, estas dissiparam-se durante a actuação dos mesmos. Pecou apenas pela curta duração e a falta de alguns temas emblemáticos como “Atari Teenage Riot”; “Too Dead For Me” ou “Revolution Action”. Focaram-se muito nos últimos trabalhos e material menos abrasivo. De qualquer modo, a força e irreverência esteve lá. Gostei imenso mas soube a pouco.

A fechar com chave de outro, os veteranos Front Line Assembly. A fazer a sua estreia em Portugal, o projecto Canadiano liderado por Bill Leeb (ex-Skinny Puppy) e Rhys Fulber, aliados a Michael Balch (FLA, Revolting Cocks, Ministry), trouxeram 30 anos de electro-industrial ao Castelo de Leiria, com um som pesado de vertente Rock mas dançável, e que pôs o público a mexer. Não poderia ter melhor cabeça de cartaz a encerrar a celebração de 3 dias.
Para o ano, sem dúvida, há mais. Entretanto vão ficando atentos às actividades da Fade In, que não se resumem ao Entremuralhas, mas a um sem fim de ideias interessantes que valem a pena seguir.

Texto: Ricardo dos Santos
Fotos: Carlos Palavra I CAPhoto Formação


Tuesday

In Ria Rocks! – Quinta do Ega, Vagos – 13 de Setembro de 2008

A terceira edição do In Ria Rocks! teve lugar na Quinta do Ega, Vagos, no passado Sábado dia 13 de Setembro. As bandas que fizeram o cartaz foram The Godiva, Echidna, Gwydion, Oblique Rain e Hyubris. Em curtas linhas passo a fazer a descrição do mesmo. http://www.rockinria.net/

The Godiva: Death melódico de meados dos 90s, linha Crematory, Cemetary, Dark Tranquility e Nightfall. O som é algo datado mas nota-se que a banda gosta do que faz, e até o faz bem. Mas no palco são muito parados. Falta alguma rodagem ao vivo. O som, esse estava péssimo, mas isso foi problema que persistiu durante todo o festival. Assim é difícil ter uma ideia mais elaborada do trabalho da banda, tanto em termos de composição como de “performance” ao vivo. De qualquer modo, bom “aquecimento” para o resto festival. www.myspace.com/thegodiva

Echidna: Thrash / Death linha Sueca. Poderoso. Enérgico. Muita garra e atitude. Gostei. É pena mais uma vez o som estar nojento. A banda parecia estar a partir tudo lá em cima do palco mas, nós cá em baixo não conseguíamos captar nem metade dessa energia. O que poderia ter sido uma actuação devastadora, foi seriamente prejudicada pelo som. Mas gostei e espero vê-los novamente em palco em melhores condições. www.myspace.com/echidna

Gwydion: Outra actuação que poderia ter sido fabulosa mas que sofreu por causa de, adivinhem, o som terrível. Mesmo assim a banda deu o tudo por tudo. Gostei muito. O som Pagan / Folk / Viking dos Gwydion é festivo, movimentado, apelativo. Influências directas da cena Sueca: Finntrolll, Moonsorrow e até Norther. Cerveja na mão, punho no ar. Muita atitude, garra e diversão a rodos. Foi a primeira e única banda a usar a, algo pindérica (tipo grupo de baile), plataforma em frente ao palco. Mas fizeram-no com estilo! Espero vê-los ao vivo noutras condições. www.myspace.com/gwydionmetal

Oblique Rain: Ehem… tenho que repetir? Pois é. O som de orientação Progressiva com toques semi-góticos dos Oblique Rain tem de ser ouvido em óptimas condições para poder ser apreciado na sua plenitude. Algo parados em palco, isso é verdade. A voz também me pareceu algo monótona e linear. No disco não me soava assim. Para quem não conhece, Porcupine Tree, Opeth (faceta mais calma), Anathema (som actual) e Katatonia (som actual) são nomes a apontar. Poderia ter sido mais interessante mas, mesmo assim, agradável. www.myspace.com/obliquerain

Hyubris: Muito bom. O som ligeiro, melancólico e de orientação Folk / Gótica não se imaginaria, à partida, motivo para festa. Pois eu estava bem enganado, a banda conseguiu animar bastante as reduzidas hostes que fizeram da Quinta do Ega a sua noite de Sábado (devia haver muito “metaleiro” nas discotecas!). O ponto alto da noite. Gostei da presença em palco, da atitude e do tom alegre e festivo com que encararam a sua actuação. O péssimo som e a fraca afluência de público poderiam ter retirado algum ânimo aos músicos, mas isso não aconteceu. Aliás, todas as bandas se comportaram como se de uma ocasião única se tratasse este In Ria Rocks! Assim vale a pena sair de casa e ir apoiar a cena! www.myspace.com/hyubrismusic

Pontos Negativos: O péssimo som (por favor, para a próxima contratem alguém que saiba o que está a fazer) que não beneficiou nem bandas nem público. O início tardio (habitual nos concertos em Portugal) que levou a que a festa acabasse mais tarde que o esperado. A fraca afluência de público (se não há, queixam-se; se há, não aparecem).

Pontos Positivos:
A atitude positiva das bandas, (escasso) público e organização. Isto sim parecia um festival Underground em toda a sua plenitude. Mais um festival de Metal a ser feito em Portugal (continuem, eu estarei lá para o ano!). A organização parecia estar bem oleada e as coisas não falharam muito. Para o ano há mais e melhor.

RDS