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Rizoma - Entrevista

1 – Rizoma (curta biografia, pontos altos, discografia, etc):
Os Rizoma nascem com vontade de fazer qualquer coisa diferente, qualquer coisa que ainda não tinham feito até então.
Começámos a esboçar canções que não faziam sentido dentro de uma banda como os Toranja, com um processo de composição muito apegado ao Tiago, e as coisas evoluíram naturalmente até percebermos a inevitabilidade de construir um novo projecto.
Começámos por gravar uma maquete que correu bem (eu o Dodi e o Fred, com o Pedro Cruz no som), e percebemos que o ritmo de trabalho além de ser rápido, nos parecia bastante funcional. Essa maquete foi mostrada a várias editoras e uma delas decidiu apostar na banda, no entanto, isto só seria possível para 2008, ideia essa que não nos interessou por já estarmos convictos de que o registo do disco seria possível para o mês de Março (2007).
Foi nessa altura que decidimos avançar com uma edição de autor e reformular as coisas de maneira a ter uma estrutura leve e dinâmica.
Entrámos em estúdio em Maio, nos estúdios “Namouche”, e gravámos o disco com o Quim, o Fred Stone, e o Artur David no som, e com a belíssima participação do Filipe Valentim nas teclas e do Fred na bateria.
O Rato veio a integrar a banda mais tarde, numa altura em que a agenda do Fred estava felizmente para ele bastante agitada, e o Rato recomposto de um período de pausa musical.
Voltámos a estúdio em Agosto para gravar dois temas, um dos quais se chama “Roma” e está a ser o primeiro avanço da banda.
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2 – “Insistir No Zero” (processos de composição e gravação):
A composição em Rizoma é rizomática, quero com isto dizer que pode surgir de qualquer um de nós, sem uma definição predefinida, e acaba sempre por ser arranjada pela banda na sua totalidade.
Esta ideia de composição é aplicada tanto às letras como à música, sendo que neste momento só eu e o Dodi é que nos aventurámos a escrever.
Quanto à gravação do “Insistir No Zero”, correu tudo de forma muito fluida e descontraída. Sem pressões e sem ideias absolutamente resolvidas. Houve muitos arranjos que se resolveram no estúdio.
A própria mistura do disco foi feita com um cunho muito experimental. Pedimos ao Artur David para pensar no disco como algo que também ele pudesse “modelar”, para que a ideia de sonoplastia se tornasse evidente em detrimento de um som “politicamente correcto”.
Sentimos que o disco poderia ter sido resolvido de inúmeras maneiras e esta foi uma delas. Vemos nisto uma vantagem e estamos satisfeitos por termos acarretado às demais, a função da produção.
Acho pessoalmente que tornou o disco espontâneo.
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3 – Letras (influências, temas, mensagens):
As letras surgem do fruir quotidiano e de uma vontade de intervenção. Acreditamos que a ideia de poética do belo não tem que ser uma constante. Pode lá estar, mas sem demasiada importância. O mais importante é o conteúdo.
Penso que as letras têm vários níveis de profundidade e gosto da ideia de terem uma aparência simples.
As influências são inúmeras como em tudo, nenhum de nós se imagina genuíno e genialmente abençoado para entrar em ruptura com tudo o que foi escrito na nossa língua.
Gosto acima de tudo que as letras transmitam mais a sensação de um “nós”, que de um “eu” isolado do mundo. Talvez seja esse o momento em que surge a vontade de intervir, gosto muito de ler livros que me transmitam ideias de ruptura, como o belíssimo exemplo de um autor como La Boétie do século XVI, com o seu “Discurso sobre a servidão voluntária”.
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4 – Capa do disco (quem, porquê, significado, …):
A capa do disco foi pensada e realizada por mim e pelo artista plástico Hugo Lopes.
O Hugo foi meu colega de curso em Artes Plásticas e admiro o trabalho dele desde essa altura.
Partimos da Ideia do Rizoma com base na filosofia de Gilles Deleuze e Félix Guattari.
Como algo que não tem de ter um Norte óbvio e onde não se adivinha o início e o fim. Como uma trama.
A capa foi feita a partir de um mapa de Portugal real, em que recortámos todos os espaços em branco para deixar somente o mapa das estradas. Esse objecto, parecido com uma rede, com um rizoma, foi fotografado de forma a criar uma espécie de narrativa com o passar das páginas e acabar com a imagem do mapa de Portugal.
O arranjo gráfico foi inspirado em obras de poesia concreta. O que me parece um veículo interessante para mostrar as letras num disco.
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5 – Influências musicais e outras:
Todos nós temos irmãos mais velhos, o que torna incontornável a audição dos clássicos do Rock dos anos 70 e 80. A influência do Rock dos anos 90 é algo que já foi vivida por nós e que nos acompanha até hoje.
Mas temos todos bandas ou compositores que gostamos mais. O leque de interesse é vastíssimo… pode ir de Jimi Hendrix aos Kyuss, passando pela Fiona Apple e compositores modernos como o Igor Stravinsky!!!
Gostamos todos de ler e beber uns copos! Ah ah ah ah ah
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6 – Babuíno Discos / Raging Planet Records:
A Babuíno Discos é uma Label nossa que fez uma parceria com a Raging Planet Records, que por sua vez nos apresentou a Compact Records para a distribuição.
Foi um processo natural e de respeito por quem faz pela música portuguesa! Achamos que o Daniel é uma pessoa com muito valor e com uma postura incontornável no panorama Rock Nacional!
Estamos também a trabalhar com a promotora Inês Pimenta da “Bola de Sabão”, que nos tem ajudado imenso.
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7 – Concertos de promoção ao disco:
Em Novembro vão poder ver a banda em formato de Showcase nos auditórios da Fnac:
Dia 11 Fnac Colombo
Dia 13 Fnac Norte Shopping
Dia 14 Fnac Santa Catarina e Fnac do Gaia Shopping
Dia 15 Fnac Coimbra
Dia 16 Fnac de Alfragide
Dia 25 Fnac Guia
Podemos avançar também a data de 22 de Dezembro no Music Box em Lisboa.
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8 – Mensagem final:
Os Rizoma querem agradecer a todos os que fazem pela música nacional!
Os Rizoma não querem agradecer aos que não fazem pela música nacional!
Somos uma banda que tem verdadeiro gosto em tocar ao vivo, se nos quiserem ouvir serão sempre bem vindos.
Rock!!!
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Entrevistador: RDS
Entrevistado: Ricardo Frutuoso (Guitarras e Voz)

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