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The Joy Of Nature & Post Crash High - Críticas

The Joy Of Nature – The Shepherd’s Tea EP (2006/7) – Edição de Autor / Woven Wheat Whispers
TJON é um projecto a solo do Português Luis Couto. Esporadicamente dão-se participações de outros artistas, não só da área da música, mas de outras vertentes artísticas. Este é o seu segundo registo e foi lançado em CD-R de 3”, numa edição limitada a 21 exemplares, devidamente embalados num luxuoso pacote feito à mão. Infelizmente essa edição está esgotada. O que eu tenho em mãos é apenas um CD-R normal com a gravação dos 4 temas e ainda algumas faixas que fazem parte de diversas colectâneas. Para quem não conseguiu a edição especial, em suporte físico, este EP está disponível através da Britânica Woven Wheat Whispers, venda online em formato mp3.
Em termos líricos, este é um EP conceptual baseado na lenda do pastor e da donzela do lago, do manuscrito Gaulês do século XIII, “Meddygon Myddfa”. Em termos instrumentais, passo a descrever sucintamente. A faixa de abertura, “The longest and deepest sleep for the shephered and the maiden in the woods, near the stream”, ultrapassa os 15 minutos de duração, e é basicamente um tema ambiental com toques Folk e Industrial. Gosto mas o melhor ainda está para vir. Segue-se “Enchanting lullaby for Su, the maiden”, ainda com o toque ambiental mas agora mais centrado na Folk. Continuamos bem, mas vai melhorar. Seguem então, não uma mas duas, “pièce de résistance”, os temas “A slumber hangs upon the walls” e “The shepherd and the lake maiden”. Dark Folk que transpira um verdadeiro sentimento Lusitano, depressivo, melancólico, sonhador. Saudade. Depois de, nos últimos anos, o Fado ter perdido esse sentimento intrínseco à alma Lusitana, é bom constatar que ainda se consegue transmitir na música, mesmo que noutras áreas atípicas à cultura deste país. Esta característica é mais notória em “A slumber hangs upon the walls”, que é o momento alto do disco.
Os dois primeiros temas são muito bons, mas são muito lugar-comum da Folk / Dark Folk / Ambiental / Industrial. Mas os dois seguintes… Ah! Só por estes dois temas vale a pena a aquisição de “The Shepherd’s Tea”. 80%

The Joy Of Nature – The Shepherd’s Tea at 7 (7”) (2006) – Little Somebody
Um 7” que inclui dois dos temas do EP acima descrito e, por coincidência, os temas que eu destaquei. A descrição dos temas está na crítica anterior logo, não há muito mais a referir deste item, a não ser que é bom ver que ainda se aposta no vinil, como suporte físico para a música. Além disso, é um formato que eu venero, o disco de 7 polegadas. Não consigo descrever a adoração que tenho por estas “pequenas” peças de arte, e de coleccionador. No geral, a pontuação deste tem que ser mais alta, isto porque não é uma gravação em CD-R, é um 7”, e porque contém dois temas fantásticos. 95%

Participações em Compilações: O tema “Persona”, incluído em “Wilde Jaeger” (Percht / Steinklang Industries), segue a linha de “A slumber hangs upon the walls”, com aquele espírito saudosista Lusitano. Fantástico. “The twilight of the old king” faz parte de “All souls arise”, lançada pela Woven Wheat Whispers, e também é um tema fabuloso, mas encontra-se mais na vertente Dark Folk / Ambiental. “The mad woman who lives at the end of the woods” também está acima da média e integra “Donec ad metam”, uma colectânea online gratuita da # Neo-Folk.it. A linha é a mesma do tema anterior. Finalmente, “Fire only rests when there’s nothing left to burn”, faz parte de “Falésia” (Enough Records), uma colectânea online recheada de excelentes nomes Lusos de Dark Folk, Electro, Ambiental e Industrial. Para variar, não desilude, pelo contrário. Há também participações em “Honi soit qui mal y pense” (também disponível na # Neo–Folk.it), e dois temas em “The Nemeth” da Reaping Horde.

Post Crash High – The Apocalypse Came Yesterday And No One Noticed (2005) – Edição de Autor
Projecto paralelo a The Joy Of Nature. Este é o único registo de Post Crash High e trata-se de um CD-R de edição limitada a 77 exemplares. Além das 10 faixas áudio (que ultrapassam a hora de duração), temos como complemento uma faixa multimédia com imagens e textos a acompanhar cada um dos temas. Este é o lado mais obscuro e experimental de Luís Couto. O ambiente contido neste apocalipse sonoro é denso, obscuro, sufocante, apocalíptico. A orientação varia um pouco de tema para tema, mas no geral temos inspirações Industrial, Martial e algum Dark Folk. Enquanto que em Joy of Nature a música está intimamente ligada à Natureza, Post Crash High é uma banda sonora para o lado mais negro da alma humana, dor, desespero, depressão, angústia, ódio, falta de vontade de viver. Em contraste com a música, a capa, contracapa e livrete incluem desenhos de coelhos a dançar na floresta. Mas a capa é um pouco ambígua. Pode significar muita coisa. Uma experiência não recomendada a espíritos mais susceptíveis. 85%

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