Showing posts with label Dark Ambient. Show all posts
Showing posts with label Dark Ambient. Show all posts

Thursday

Vortex – Phanopoeia (2009) – Tesco Organisation

Vortex é um projecto a solo criado por um dos membros de :Golgotha: e cuja sonoridade é influenciada pelo Vorticismo. O Vorticismo foi um movimento artístico de meados da década de 20 (do século XX), criado pelo pintor e poeta Percy Wyndham Lewis, e que definia o artista como alguém que ganhava poder criativo e inspiração a partir do caótico vórtice da energia criativa. O nome desta corrente foi introduzido por Ezra Pound, o qual também surgiu com a frase “phanopoeia” (a ideia de criar poesia para todos os sentidos). A música de Vortex pretende prestar homenagem à corrente Vorticista através de drones, psicadelismo, batidas tribais, samples áudio da dita corrente, etc. A ideia, à partida, soa interessante e poderia dar lugar a uma obra fenomenal, mas fica um pouco aquém das expectativas. Sendo um pouco monótono e simplista, o resultado final não é mau de todo, mas o Dark Ambient / Ritual / Industrial de Vortex poderia ter sido melhor explorado tendo em conta a sua influência máxima. Apenas para fãs “diehard” do género. 55% http://www.tesco-germany.com/ / www.myspace.com/vortexphanopoeia
RDS

Wednesday

Atrium Carceri – Souyuan (2008) – Cold Meat Industry

Este é já o quinto trabalho de Simon Heath sob a designação Atrium Carceri. Depois de dois discos na linha Ambient, Heath concentrou-se em fazer outros dois com orientação Industrial. Neste novo capítulo volta ao Ambient de contornos cinematográficos para nos dar 10 novas faixas em pouco mais de 44 minutos. Para ser sincero, não vejo o porque de tanto entusiasmo com este projecto. É simples; é cliché; e o som está muito baixo, agudo e sem força. É extremamente aborrecido e não consegue manter o ouvinte atento por muito tempo. A Cold Meat tem coisas bem mais interessantes nas quais vale a pena investir o nosso escasso dinheiro. 30% www.myspace.com/atriumcarceri / http://www.coldmeat.se/
RDS

Monday

Ordo Rosarius Equilibrio – O N A N I [Practice Makes Perfect] (2009) – Cold Meat Industry

Os Ordo Rosarius Equilibrio regressam com aquele que é já o seu 8º álbum. Em pouco mais de 48 minutos ouvimos 11 temas da já habitual sonoridade O.R.E. Desta feita os temas são apresentados numa orientação quasi-Pop, no sentido do formato de canção. Dark, ethereal, martial, folk e pop fundem-se com líricas de cariz sexual, sensual, erótico. Guitarras aliam-se a percussões primitivas, órgãos e pianos colaboram na perfeição com uma caixa de ritmos, coros de igreja harmonizam com gemidos e vocalizações femininas angelicais mas sedutoras. Tudo condimentado com um certo humor negro e uma sexualidade entre o espiritual e o carnal. Como se refere na nota de imprensa, não se chega a cair no erotismo barato, nem mesmo na pornografia descarada, podendo-se falar até numa banda sonora de contornos Dark para um filme de Tinto Brass. Não é o melhor trabalho dos O.R.E., mas os fãs do projecto já sabem o que esperar e não ficarão desiludidos. 80% http://www.coldmeat.se/ / www.ordo-rosarius-equilibrio.net/ / www.myspace.com/ordorosariusequilibrio
RDS

Nocte Obducta – Sequenzen Einer Wanderung (2008) – Supreme Chaos Records

Dois temas apenas fazem este disco. “Teil 1” tem 23m06s e “Teil 2” tem 20m53s. Metal vanguardista é o que nos apresenta esta banda Germânica no activo desde 1995. Infelizmente, este é o “canto do cisne” pois a banda separou-se oficialmente durante o ano de 2008. Mas, antes de morrer, o cisne canta por uma última vez, e esse é o mais belo de todos os seus cantos. Nestes 44 minutos de arte no seu estado mais puro, os Nocte Obducta levam-nos numa viagem inesquecível. Atmosférica, psicadélica, hipnótica, melódica, depressiva, intensa, experimental. É assim a música do extinto sexteto teutónico. Uma verdadeira obra-prima! Para os amantes de cenas Avantgarde, Post-Rock e Progressivas. 95% http://www.nocte-obducta.de/ / www.myspace.com/nocteobducta / http://www.s-c-r.de/
RDS

Wednesday

Attrition - Smiling, At The Hypogonder Club & The Jeopardy Maze (Re-releases 2008) - Two Gods

Attrition – Smiling, At The Hypogonder Club (1985 / Re-release 2008) – Two Gods
Esta e uma reedição do segundo álbum dos Britânicos Attrition, originalmente lançado em 1985 pela mítica Third Mind Records (na altura casa de nomes como Front Line Assembly, In The Nursery ou Nurse With Wounds). Aos 11 temas originais adicionam-se “Shrinkwrap” (single 12”, originalmente gravado para uma cassete compilação da revista Britânica Electronic Soundmaker) e “Fusillade (III)” (originalmente incluída na compilação “For Your Ears Only” de 1986). Todos os temas foram devidamente remasterizados e o artwork foi redesenhado pelo próprio Martin Bowes. A edição é da responsabilidade da editora da banda, a Two Gods Recording. Fusão de Darkwave, ritmos e sons industriais, ambientes góticos e algum Dark Ambient, “Smiling, At The Hypogonder Club” é um disco obrigatório na discografia de todos os amantes da Darkwave. Se ainda não o têm, esta é uma boa oportunidade de o adquirir. Além do disco original com um som melhorado, têm ainda direito aos já referidos bónus. Essencial. 90% http://www.attrition.co.uk/ / www.myspace.com/danteskitchen
RDS

Attrition – The Jeopardy Maze (1999 / Re-release 2008) – Two Gods
Mais uma reedição por parte da Two Gods, editora criada pelos próprios Attrition. “The Jeopardy Maze” foi editado originalmente em 1999 na editora darkwave/ambient /ethereal Projekt. Uma obscura e sinistra fusão de Darkwave, Gótico, Industrial e uma forte componente sinfónica, “The Jeopardy Maze” é um ecléctico disco que irá agradar a fãs das várias vertentes enunciadas. Além da obrigatória remasterização do disco, temos como bónus um tema nunca antes editado, também de 1999, “Infant Joy”, baseado num poema de William Blake. Diferente do anterior disco aqui apresentado, que soava tipicamente 80s, este tem uma vertente mais moderna, com uma faceta electrónica mais acentuada que poderá trazer novos fãs à banda, mas que não irá desapontar os da velha escola. Recomendo. 85% http://www.attrition.co.uk/ / www.myspace.com/danteskitchen
RDS
-
Attrition - A Girl Called Harmony (Tricky Business, 1991 / Promovideo 2006)

Tuesday

Contrastate – A Live Coal Under The Ashes (1992 / 2008) – Tesco Organization

Os Contrastarte formaram-se em 1987 e separaram-se em 2000. Este é um dos seus discos mais aclamados, “A Live Coal Under The Ashes”. Foi originalmente editado em 1992 através da Tesco, e, por se encontrar indisponível há alguns anos, a editora disponibiliza novamente esta pérola do Dark Ambient / Ritual com os temas devidamente remasterizados e uma faixa bónus (gravada também em 1992 mas nunca antes editada). O disco foi inspirado pelos eventos que deram lugar às mudanças na Europa Central e do Leste em 1989. A partir deste disco, a banda passou a focar a sua atenção em assuntos políticos contemporâneos. Drones, percussões, ambientes negros e místicos, narrações ritualistas, tudo isto faz parte do universo Contrastarte. Para fãs de Industrial, Ritual e Drone. 75% http://www.tesco-germany.com/ / www.myspace.com/tescogermany / http://radiantslab.com/Contrastate / www.myspace.com/srmeixner
RDS

Monday

Dornenreich – In Luft Geritzt (2008) – Prophecy

Eviga, responsável pelo projecto Austríaco Dornenreich, está de volta com um novo trabalho. Desta feita faz-se acompanhar por Inve. Esta nova proposta intitula-se “In Luft Geritzt” e direcciona a sonoridade da banda para territórios mais Folk do que o anterior “Durch Den Traum” de 2006. Folk, Dark Folk, Ambient e Neoclassical são alguns dos termos para categorizar estes 10 temas (pouco mais de 44 minutos). Negra, melancólica, intensa, sentida, é assim a música de Dornenreich. Eviga encarrega-se da voz (quase sempre num tom sussurrado), da guitarra acústica e das percussões, enquanto que Inve encarrega-se do violino. Gostei do anterior, mas este chama-me mais a atenção, talvez por ser mais orgânico, mais visceral, mais sentido. Gostei muito e recomendo a fãs de Dark Folk, Pagan Folk, música acústica e world music em geral. Atenção à já habitual (na Prophecy) edição especial dupla. 85% http://www.dornenreich.com/ / http://www.prophecyproductions.de/
RDS

Tuesday

Phanatos – Opus 2 (2007) – Phanatos Productions

Phanatos é a designação artística de um músico Sueco (agora parte integrante dos Freevil) e este é o seu novo trabalho a solo. Phanatos é responsável pela composição, arranjos, letras, vozes e interpretação de todo o material aqui contido. As vozes femininas que ocasionalmente dão o ar de sua graça são da responsabilidade de Karin Ljungberg. Gótico, neoclassical, darkwave, ambient e film music são as vertentes exploradas nos 8 temas que compõem este “Opus 2”. Alguns elementos de Folk, música oriental e 70’s Progressive são também utilizados. Metade dos temas são vocalizados e a outra metade é instrumental. Agradável de se ouvir, épico, obscuro, intenso, belo, quase hipnótico. Há muito tempo que não ouvia algo no género tão bem feito como este Opus. Influências e familiaridades com outros nomes? Não sei dizer. “Opus 2” é único, sem ser propriamente original. É refrescante, sem ser novo. É excepcional, sem uma obra-prima. Recomendo a fãs dos géneros acima citados e nomes como Goblin, Daemonia, Ataraxia, Howard Shore, Saviour Machine, Dead Can Dance, Enya, Vangelis, In The Nursery, Ordo Rosarius Equilíbrio ou Raison D’Être. 85% http://www.phanatos.com/ / www.myspace.com/phanatosrealm
RDS

Ascension Of The Watchers - Interview + Live 06

Ascension Of The Watchers – Numinosum (2008) – 13th Planet Records

Por esta altura, já todos devem saber que este é o projecto de Burton C. Bell dos Fear Factory, projecto esse que vai sendo trabalhado desde há 5 anos até à data. Além do referido músico, o projecto envolve também John Bechdel (Ministry, Fear Factory, Prong, Killing Joke) e Edu Mussi (Echoes And Shadows). Contam-se também participações de Al Jourgensen (Ministry, Revolting Cocks), o falecido Paul Raven (Ministry, Prong, Killing Joke) e Ben Bell. “Numinosum” é o disco de estreia, depois de um EP disponível apenas via online, e foi produzido pela banda em conjunto com Al Jourgensen. Ao longo dos 11 temas que compõem este disco, Burton C. Bell explora uma sonoridade que vai desde o Ambient ao Dark Folk, passando pela electrónica inspirada nos 80s e inclusive algumas passagens mais Goth / Dark. Alguns temas são mais inspirados que outros mas, mesmo não sendo uma obra-prima, não é um disco assim tão mau quanto isso. Para apreciar algum do material aqui contido (e repito, apenas algum!) basta ter uma mente aberta e não pensar muito no passado musical deste senhor.
Inicia bem com “Ascendant” num registo Dark / Industrial. “Evading” e “Residual Presence” continuam bem, com tendências 80s Dark / Gothic Rock e a característica voz de Bell. “Canon For My Beloved” inicia com o crispar de um vinil, gostei, mas depois segue uma orientação que não me agrada muito, fusão de canção linha songwriter / ambiental. O final já é mais intenso e agrada-me um pouco. “Moonshine” tem uma certa influência Folk / Pop. Não é mau, mas também não convence. “Mars Becoming” é um dos melhores temas, a par dos dois primeiros, e tem uma orientação muito Dark Folk / Industrial / 80s Dark Goth. Gostei muito. “On The River” é muito Pop. Não gostei do resultado final. “Violet Morning” é o pior tema deste trabalho. Um tema acústico, linha songwriter, muito “Popzito”, desenxabido, muito lindinho, “kitsch” ou, em português correcto, foleiro e azeiteiro ao máximo. “Like Falling Snow” puxa para o lado electro do trabalho. Linha trip hop mas com batidas mais fortes. Não gostei do resultado final. “Sounds Of Silence” é uma versão do original de Simon & Garfunkel. A escolha do tema já não é a mais certa. A orientação Ambient da versão também não ajuda muito. Fecha-se com “Quintessence”, um tema experimental / ambiental que ultrapassa os 9 minutos de duração e que se prolonga quase até aos 16 minutos com som de crispar de vinil para, finalmente, acabar com um refrão Gospel. Algo inútil e não tão bem conseguido este tema final.
Um disco mais heterogéneo do que poderia parecer à primeira. Essa é uma característica que poderia ser uma mais valia para este tipo de sonoridades mais “calmas” mas que, aqui, apenas serve para descer mais uns pontos pela falta de qualidade de alguns temas. Além disso, a excessiva duração do disco ainda lhe retira mais uns pontos.
Se estavam à espera de algo mais “pesado”, desenganem-se, esta é a outra faceta do conhecido músico. Ou alias, talvez a sua verdadeira identidade. Aliás, ele sempre afirmou que não é um “metalhead” de raiz. A audição do trabalho e consequente satisfação (ou falta dela), fica à vossa inteira responsabilidade. 60% http://www.thewatchers.org/ / http://www.myspace.com/aotw / http://www.thirteenthplanet.com/

RDS

Distribuido em Portugal por Compact Records: http://www.compactrecords.com/

The Joy Of Nature & Post Crash High - Críticas

The Joy Of Nature – The Shepherd’s Tea EP (2006/7) – Edição de Autor / Woven Wheat Whispers
TJON é um projecto a solo do Português Luis Couto. Esporadicamente dão-se participações de outros artistas, não só da área da música, mas de outras vertentes artísticas. Este é o seu segundo registo e foi lançado em CD-R de 3”, numa edição limitada a 21 exemplares, devidamente embalados num luxuoso pacote feito à mão. Infelizmente essa edição está esgotada. O que eu tenho em mãos é apenas um CD-R normal com a gravação dos 4 temas e ainda algumas faixas que fazem parte de diversas colectâneas. Para quem não conseguiu a edição especial, em suporte físico, este EP está disponível através da Britânica Woven Wheat Whispers, venda online em formato mp3.
Em termos líricos, este é um EP conceptual baseado na lenda do pastor e da donzela do lago, do manuscrito Gaulês do século XIII, “Meddygon Myddfa”. Em termos instrumentais, passo a descrever sucintamente. A faixa de abertura, “The longest and deepest sleep for the shephered and the maiden in the woods, near the stream”, ultrapassa os 15 minutos de duração, e é basicamente um tema ambiental com toques Folk e Industrial. Gosto mas o melhor ainda está para vir. Segue-se “Enchanting lullaby for Su, the maiden”, ainda com o toque ambiental mas agora mais centrado na Folk. Continuamos bem, mas vai melhorar. Seguem então, não uma mas duas, “pièce de résistance”, os temas “A slumber hangs upon the walls” e “The shepherd and the lake maiden”. Dark Folk que transpira um verdadeiro sentimento Lusitano, depressivo, melancólico, sonhador. Saudade. Depois de, nos últimos anos, o Fado ter perdido esse sentimento intrínseco à alma Lusitana, é bom constatar que ainda se consegue transmitir na música, mesmo que noutras áreas atípicas à cultura deste país. Esta característica é mais notória em “A slumber hangs upon the walls”, que é o momento alto do disco.
Os dois primeiros temas são muito bons, mas são muito lugar-comum da Folk / Dark Folk / Ambiental / Industrial. Mas os dois seguintes… Ah! Só por estes dois temas vale a pena a aquisição de “The Shepherd’s Tea”. 80%

The Joy Of Nature – The Shepherd’s Tea at 7 (7”) (2006) – Little Somebody
Um 7” que inclui dois dos temas do EP acima descrito e, por coincidência, os temas que eu destaquei. A descrição dos temas está na crítica anterior logo, não há muito mais a referir deste item, a não ser que é bom ver que ainda se aposta no vinil, como suporte físico para a música. Além disso, é um formato que eu venero, o disco de 7 polegadas. Não consigo descrever a adoração que tenho por estas “pequenas” peças de arte, e de coleccionador. No geral, a pontuação deste tem que ser mais alta, isto porque não é uma gravação em CD-R, é um 7”, e porque contém dois temas fantásticos. 95%

Participações em Compilações: O tema “Persona”, incluído em “Wilde Jaeger” (Percht / Steinklang Industries), segue a linha de “A slumber hangs upon the walls”, com aquele espírito saudosista Lusitano. Fantástico. “The twilight of the old king” faz parte de “All souls arise”, lançada pela Woven Wheat Whispers, e também é um tema fabuloso, mas encontra-se mais na vertente Dark Folk / Ambiental. “The mad woman who lives at the end of the woods” também está acima da média e integra “Donec ad metam”, uma colectânea online gratuita da # Neo-Folk.it. A linha é a mesma do tema anterior. Finalmente, “Fire only rests when there’s nothing left to burn”, faz parte de “Falésia” (Enough Records), uma colectânea online recheada de excelentes nomes Lusos de Dark Folk, Electro, Ambiental e Industrial. Para variar, não desilude, pelo contrário. Há também participações em “Honi soit qui mal y pense” (também disponível na # Neo–Folk.it), e dois temas em “The Nemeth” da Reaping Horde.

Post Crash High – The Apocalypse Came Yesterday And No One Noticed (2005) – Edição de Autor
Projecto paralelo a The Joy Of Nature. Este é o único registo de Post Crash High e trata-se de um CD-R de edição limitada a 77 exemplares. Além das 10 faixas áudio (que ultrapassam a hora de duração), temos como complemento uma faixa multimédia com imagens e textos a acompanhar cada um dos temas. Este é o lado mais obscuro e experimental de Luís Couto. O ambiente contido neste apocalipse sonoro é denso, obscuro, sufocante, apocalíptico. A orientação varia um pouco de tema para tema, mas no geral temos inspirações Industrial, Martial e algum Dark Folk. Enquanto que em Joy of Nature a música está intimamente ligada à Natureza, Post Crash High é uma banda sonora para o lado mais negro da alma humana, dor, desespero, depressão, angústia, ódio, falta de vontade de viver. Em contraste com a música, a capa, contracapa e livrete incluem desenhos de coelhos a dançar na floresta. Mas a capa é um pouco ambígua. Pode significar muita coisa. Uma experiência não recomendada a espíritos mais susceptíveis. 85%

The Joy Of Nature - Entrevista

1 – Fala-me um pouco da história dos The Joy Of Nature desde a sua concepção até à data.
A ideia inicial para The Joy of Nature and Discipline surgiu em 1997, mas só começou a tomar forma musical em 1998. Em 1999, por convite da Reaping Horde, gravámos dois temas para a compilação "The Nemeth". Surgiu da parte da mesma editora o convite para um álbum, que foi lentamente gravado no período entre 2000 e 2002 e editado em 2003. No final de 2005, ao mesmo tempo que surgiu a oportunidade da reedição de "The Fog that Life Is Haunted By" pela Bunkier Productions, decidimos recriar o projecto, utilizando mais instrumentos acústicos e muitos menos samples e sintetizadores; o conceito, com a redução do nome não sofreu propriamente uma alteração, apenas se tornou menos enevoado. Em 2006 editamos o single em vinilo "The Shepherd's Tea at 7" pela americana Litte Somebody Records, seguido em Dezembro pelo mini-álbum "The Shepherd's Tea", editado inicialmente em número de 21 exemplares, cada qual com uma pintura original diferente, depois editado em mp3 pela Woven Wheat Whispers. 2007 foi um ano em que apenas editamos alguns temas em compilações. Desde 2006 que estamos a preparar a trilogia "The Empty Circle/O Círculo Vazio".
-
2 – No vosso website apresentam The Joy Of Nature como um projecto multimédia que tem a música como base. Queres desenvolver um pouco esta descrição e referir quais são os outros domínios do projecto para além da vertente musical?
Os outros domínios, fora o musical, têm sido essencialmente a pintura e a escrita, tendo havido uma edição nossa – "The Shepherd's Tea" – acompanhada de um conto. A fotografia e o vídeo poderão também ser utilizados a seu tempo. Tudo gravita sempre à volta da música, mas muitas vezes torna-se importante complementá-la com outras formas de arte.
-
3 – “Nature rejoices in Nature, and nature contains Nature”. Esta, segundo apresentado no vosso website, é uma das influências na designação do projecto, que anteriormente se apelidava de The Joy Of Nature And Discipline. Fala-me um pouco da origem do nome do projecto e o porquê da mudança/simplificação do nome.
A mudança de nome deu-se a uma certa mudança de sonoridade (mais acústica) e também a um maior enfoque na componente hermética do projecto. "Nature contains Nature and Nature rejoices in Nature" foram palavras retiradas do livro hermético "Turba Philosophorum". Temos interesse na tradição hermético-alquímica que foi das últimas formas "Tradicionais" a desaparecer (se bem que não completamente) no mundo ocidental, apesar de não ser exclusiva deste. Mas em que consiste a tradição hermético-alquímica? Os seus símbolos e ensinamentos são extremamente complexos e, essencialmente, codificados, devido não apenas à inquisição/censura, como também por forma a afastar as massas dela.
O nosso interesse por aquilo que hoje é apelidado de "esotérico" não se fica por aí: temos interesse pelo ioga tântrico, pela literatura cavaleiresca medieval, pelo taoísmo e budismo chan, etc. Porque há uma unidade em tudo isto. Não se trata de uma miscigenação de diversas representações tradicionais, mas sim da procura da sua essência.
-
4 – Quais são as vossas influências musicais, literárias, artísticas, cinemáticas, ideológicas / filosóficas, e de outras proveniências?
Das musicais falaremos adiante. Quanto às literárias, autores como Julius Evola, René Guénon, Mircea Eliade, Ernst Jünger, Gustav Meyrink, Yukio Mishima e William Blake dizem-nos muito. Recolhas de contos tradicionais, textos herméticos e alguns clássicos religiosos (no sentido de re-ligação ao divino), como o "Tao Te Ching", fazem parte das nossas leituras frequentes. Em termos de cinema, as nosssas preferências dirigem-se a realizadores como Andrei Tarkovsky, Ingmar Bergman, Stanley Kubrick, David Lynch e primeiros filmes de Peter Weir.
Não nos enquadramos propriamente numa determinada ideologia ou concepção filosófica. A maior fonte de inspiração são as experiências individuais, os fragmentos da Tradição que, por aqui e ali ainda se encontram, na maior parte das vezes já desvitalizados e, quando raramente aparecem, as experiências supra-individuais.
-
5 – Descreve os processos de composição e gravação dos vossos trabalhos.
Costumamos ir compondo, gravando e, às vezes, até misturando, ao mesmo tempo. Gostaríamos de no futuro proceder a uma divisão entre as várias fases, mas é difícil alterar hábitos já bastante enraizados. As ideias para os temas surgem, aparentemente, de coisa alguma e vão-se revelando aos poucos.
-
6 – Estes lançamentos são típicos do universo musical no qual vocês se inserem. Edições limitadas, com um carácter DIY, e com um cuidado especial na apresentação dos mesmos. Toda esta componente artística, estética e, até, ideológica é importante na banda?
Tentamos encarar a arte de uma forma o menos possível comercial. Por um lado, temos edições em quantidade (que permitem que o trabalho chegue às pessoas que nele possam sentir algo de especial), e outras em qualidade, edições em que cada exemplar é diferente. Este aspecto não possui necessariamente um carácter ideológico para lá de nos recusarmos a que o nosso trabalho seja considerado como um produto.
-
7 – Além dos vossos trabalhos a nome próprio têm visto os vossos temas incluídos em diversas colectâneas. Como é que surgem estas participações?
Até ao momento todas surgiram através de convites. A participação em compilações não só é uma boa forma de apresentar, de forma breve, o nosso trabalho, como também de editar temas que não se enquadram nos trabalhos que, em dado momento, estamos a realizar. Porque todos os nossos trabalhos têm um conceito, mesmo que não facilmente perceptível.
-
8 – Existem apresentações ao vivo (ou de outro tipo) ou The Joy Of Nature é apenas um projecto de estúdio?
Quando as condições certas existirem contamos fazer apresentações ao vivo, mas com arranjos diferentes dos dos discos. Não nos agrada utilizar bases pré-gravadas em concertos, preferimos optar por não usar electrónica nos concertos, o que torna mais difícil reunir as condições necessárias. Outro tipo de apresentações deverão surgir brevemente.
-
9 – Estão a preparar a trilogia “The empty circle / O círculo vazio”, cuja primeira parte (“Swirling lands of disquiet and catharsis – A theatre lost in the vast abyss of starry skies”) está quase pronta. Fala-me desta trilogia. Qual é o conceito por detrás da mesma?
Temos estado a trabalhar nesta trilogia há quase dois anos, praticamente todos os dias. A trilogia divide-se em três partes, sendo cada uma delas relacionada com as três principais fases da obra hermética: Nigredo, Albedo e Rubedo. O primeiro disco será mais psicadélico e experimental, enquanto que o segundo será mais "folk"; o terceiro não será um disco muito fácil de descrever, mas podemos adiantar que denotará algumas influências orientais. Não diremos mais sobre a trilogia. Depois, cada um, a partir dela, fará as suas interpretações e buscas individuais. É o que valoriza a criação artística nos dias que correm, ou talvez, nos que sempre correram.
-
10 – Além de The Joy Of Nature existe ainda o projecto paralelo Post Crash High, o qual já tem um disco editado, “The apocalypse came yesterday and no one noticed”, que, além da parte áudio, contém diversos elementos multimédia. Fala-me deste projecto numa panorâmica geral.
Enquanto The Joy of Nature consiste num olhar dirigido ao interior, Post Crash High olha para fora. Daí o uso predominante, neste último projecto, de sons electrónicos. Depois de Post Crash High, tornou-se natural o regresso de The Joy of Nature, como a alternativa interior ao mundo apocalíptico descrito por Post Crash High.
-
11 – Como vês a evolução da cena Underground nacional desde que nela entraste até hoje? Que bandas, editoras, promotores de concertos, revistas e outros da cena musical podes realçar? E de quais já extintos tens saudades?
Nunca senti que The Joy of Nature tivesse entrado numa "cena".
Gostamos e temos afinidades com Sangre Cavallum, com os quais tem havido colaborações mútuas, Triarca são um projecto a ter em atenção, Karnnos e Wolfskin continuam com trabalhos muito interessantes mas, fora os artistas referidos, ouvimos principalmente música folk portuguesa – Gaiteiros de Lisboa, Galandum Galandaina ou Zeca Medeiros. Também dedicamos algum tempo a ouvir recolhas de música "folk" portuguesa, transmitida de geração em geração. A nível de editoras, foi uma boa notícia o aparecimento da Folcastro. Sentimos saudades da Forgotten Blood e de outras pequenas editoras de cujos nomes já não nos recordamos, mas que foram capazes de criar um verdadeiro "underground" sem interesses comerciais. A Robur foi uma publicação interessante, mas não tenho seguido, desde há muito tempo, revistas e promotores de concertos.
-
12 – E fora de Portugal? Que nomes te chamam a atenção hoje em dia?
Musicalmente, apreciamos muito artistas como Current 93, Vashti Bunyan, The Pentangle, The Chieftains, Coil, Swans, Nico, Michael Cashmore/Nature and Organisation, Luciano Cilio, Arvo Part, primeiros trabalhos de Alan Stivell e Milladoiro. Os nossos gostos são um pouco ecléticos e abrangem desde a folk à música medieval e clássica, a experimentais, como os já referidos Coil, e Nurse With Wound, como também a algum rock, como a Joy Division ou os primeiros discos de Sonic Youth.
Estivemos recentemente num concerto de Stephan Micus, cujo trabalho já conhecíamos e admirávamos, e ficamos deslumbrados.
-
13 – Tens agora espaço para deixar uma última mensagem aos leitores da Fénix.
Sat Nam.
-
Questões: RDS
Respostas: Luis Couto
-

Wednesday

MISCELÂNEA

Alcest – Souvenirs D’Un Autre Monde (2007) – Prophecy: À primeira audição não gostei nada destes “souvenirs” dos Alcest. Por isso mesmo tenho adiado a escrita desta crítica. Entretanto tenho lido diversas críticas a este trabalho e todas elas são favoráveis e as pontuações são altíssimas! Pensei: “bom, tenho de dar uma oportunidade a isto, afinal de contas tenho de escrever alguma coisa!”. Pois a minha opinião não mudou nada! Continuo a não achar graça nenhuma a isto e não percebo o porquê de toda a gente a atribuir pontuações elevadas. A nota de imprensa refere uma “aplicação de Slowdive e Yann Tiersen aos Burzum”. Hum…!? Sinceramente, não vejo a razão de tanto alarido. 30% http://alcest.prophecyprodutions.de/ / http://www.alcest-music.com/ / http://www.prophecy.cd/

Corde Oblique – Respiri (2005) – Ark Records: O disco é datado de 2005 mas só agora me chegou às mãos. E ainda por cima nem me enviaram uma biografia ou nota de imprensa. Mas, como gostei tanto disto, vou arriscar uma pequena crítica. Este projecto Italiano pratica uma sonoridade baseada em música tradicional, ou “world music” como lhe queiram chamar, com toques de medieval, neoclássico, dark folk e gótico. Instrumentos acústicos, violino, piano, passagens ambientais, ritmos tribais, spoken word, vozes operáticas, vozes sussuradas, sons de mar, há de tudo um pouco. Para quem gosta deste tipo de sonoridades mais calmas. 85% http://www.arkrecords.net/

Lily’s Puff – Heaven Frowns (2007) – Ark Records: Projecto Italiano que mistura electrónica ambiental e experimental com Pop e material acústico. Este tipo de material tem de ser bem feito e os músicos têm de ter algumas ideias originais senão, não resulta. É o que acontece com estes Lily’s Puff. Até há por aqui algumas ideias interessantes mas, ou não foram bem utilizadas, ou então perderam o seu efeito e impacto ao lado de tantas faixas desinteressantes. Safam-se 2 ou 3 temas. 25% http://www.lilyspuff.net/ / http://www.arkrecords.net/


RDS

Sunday

Vinterriket / Uruk Hai / Nak' Kigai - Ira Deorum Obliviorum (2007) - Old Temple

Este é um split que inclui os Alemães Vinterriket, os Austríacos Uruk Hai e os Polacos Nak’ Kiga. Ao todo são cerca de 60 minutos de Dark Ambient repartidos por 4 faixas. A edição é feita em CD-R, limitada a 100 exemplares, numerados à mão. Para não variar, como em todas as edições da Old Temple, a apresentação é sempre invulgar, estando aqui o livrete ligado por cordas de hemp. Os Vinterriket contribuem com 2 temas, Stille I & II, com 8.35 e 6.25 respectivamente. Estes estão mais virados para o ambiental. Gostei. Os Uruk Hai apresentam apenas um tema, “Mount-Doom”, o qual ronda os 21 minutos. Som mais intenso e apocalíptico. Inspiração em Tolkien e as criaturas que lhes deram o nome? Pelo menos a música aqui apresentada parece ser uma boa banda sonora para essas malditas criaturas! Gostei. Para terminar, os Nak’ Kigai, com um tema apenas, “”Swit Slowianskiego Slonca”, 20 minutos (certinhos mesmo!), sonoridade mais orquestral, neoclássica, mais “alegre”, ou pelo menos não tão depressiva e carregada. Gostei mais que os anteriores projectos. No geral, uma óptima aposta no que diz respeito ao Dark Ambient. RDS
80% (Vinterriket), 85% (Uruk Hai), 95% (Nak’ Kigai)
Old Temple: www.oldtemple.com
Vinterriket: www.vinterriket.com
Uruk-Hai: http://uruk-hai.dragonsbreath.tv

Thursday

V/A - Falésia (2007)

A netlabel Portuguesa Enough, em associação com a revista Elegy Ibérica apresentam "Falésia", uma compilação tripla de dark ambient inteiramente constituida por contribuições de projectos musicais de origem Portuguesa. Serve esta compilação, disponivel para download gratuito no site da Enough, como demonstração da diversidade, quantidade e qualidade do dark ambient e géneros circundantes que se produzem e ouvem em Portugal do ano 2007.
O link da Enough, onde podem baixar muito mais música electrónica, completamente gratuita: http://enoughrecords.scene.org/