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Qwentin - Entrevista

1 – Qwentin (curta biografia, pontos altos, discografia, etc):
Qwentin é um todo feito de cinco partes. Cinco cabeças que, quando juntas, formam uma só identidade, um contador de histórias chamado Qwentin. Um viajante, um sonhador que acredita que todas as línguas do mundo são perceptíveis se nos predispusermos a compreendê-las. Esse foi um dos princípios basilares da fundação da banda, em 2003, numa garagem no limite urbano do Cartaxo, cidade onde crescemos. O outro princípio foi a questionável necessidade de refrães: "se a vida não tem refrães; se os filmes não têm refrães; por que razão hão-de as músicas ter partes repetidas só para respeitar uma convenção estrutural que não sequer está escrita em lado nenhum?". Foi, então, no início de 2003, que o Qwentin começou a compor temas sem refrães e em diversas línguas. Às composições foi acrescentado outro pormenor de estilo: a inclusão de elementos (narrativos e/ou musicais) que estimulassem a curiosidade do ouvinte, que o intrigassem, e que desafiassem a sua imaginação. E a ausência de uma "mensagem", de uma "lição de moral" a impingir ao ouvinte.
Daí até ao álbum, foi um longo caminho de quatro anos - com passagens pelo Festival Tejo (em 2003, 2004 e 2005), pelo Hard Rock Café Lisboa (2005), pelo Santiago Alquimista (2005) ou pela Day After (2005), entre tantos outros sítios; e duas passagens pelos estúdios Toolateman (Carcavelos), para gravar 2 EP, que viriam a servir de base de trabalho para o álbum "Première!"; e duas trocas de baterista, em 2005 e em 2006; e de muito trabalho criativo, para criar o inatingível "álbum perfeito" para a "estreia perfeita". Em finais de 2006, a banda reuniu-se num estúdio em Braga - e aí, temperados pelo clima invernoso da Cidade dos Arcebispos e acompanhados pelo produtor Daniel Cardoso, concretizámos esta amálgama de ideias em disco.

2 – “Première!” (processos de composição e gravação):
Depende das situações. As músicas surgem de forma muito espontânea e tanto podem nascer de uma "jam", como de um "riff" carismático que alguem trouxe de casa. Depois funciona por camadas. Quando já temos um "mood", pensamos nas linhas de voz. «Será que este "mood" deve ser cantado?» Se sim, «que fonética de que língua assenta aqui bem?» Cada música é um pequeno filme, e isso influencia muito a forma de pensar as diversas partes do tema, que devem ser musicadas conforme o que está a acontecer no «ecrã mental» de Qwentin, e que, em última instância, toma a proporção de um argumento cinematográfico.
A gravação do Premiére foi uma experiência alucinante. Decorreu ao longo de um mês, de forma sequenciada, no estúdio Ultra Sound, em Braga. Braga é uma cidade apaixonante, com pessoas que te acolhem muito bem e te levam para festas... As vozes femininas dos temas "Uomo-Tutto" e "Il Commence Ici" são de pessoas que conhecemos por lá...

3 – Letras (influências, temas, mensagens):
O Qwentin não tem, propriamente, uma mensagem. A última coisa que estas músicas pretendem é dar lições. São, basicamente, histórias, com princípio, meio e fim, que exploram facetas - umas óbvias, outras menos óbvias - da vida quotidiana, frequentemente sob o ponto de vista de um viajante em permanente busca de novas experiências, novas aprendizagens, novas formas de perceber a realidade.
Basicamente, são inspiradas por coisas tão simples (ou complicadas, consoante o ponto de vista) como a vida, o mundo, a verdade, a mentira, as pessoas que conhecemos.
Quer dizer, é possível que as músicas dêem que pensar ao ouvinte; mas não lhe tentam impingir uma lição, um "modo certo de pensar/fazer algo".

4 – Uso de diversas línguas:
Quando já temos um "mood", pensamos nas linhas de voz. «Será que este "mood" deve ser cantado?» Se sim, «que fonética de que língua assenta aqui bem?»
Para mais, o uso de diversas línguas é um reflexo da crescente europeização e globalização. E depois, porque é que se tem de cantar sempre em Inglês?A tendência dos músicos portugueses foi, em grande parte dos casos, tentar uma aproximação musical à cultura anglo-saxónica. O que acontece é que, exceptuando algumas honrosas excepções, os músicos portugueses nunca foram muito bem sucedidos nessa abordagem. É uma questão cultural que extravasa também a barreira linguística. Os americanos têm o Blues e nós o Fado. Não quer dizer que nós por cá não saibamos rockar, simplesmente temos de assumir um ângulo diferente, mais nosso, e partir daí para o mundo.
Tocar música "global", como nós fazemos, não significa cantar na língua mais global de todas (i.e., o Inglês). Significa fazer música cuja potência artística transcenda as barreiras culturais. Como o Blues, por exemplo.

5 – Capa do disco (quem, porquê, significado, …):
A imagem - gentilmente cedida pelo fotógrafo norte-americano Barry Weatherall - é a expressão visual perfeita do título que já tínhamos, há muito, escolhido para o álbum. "Première!" preenchia diversos requisitos: é uma palavra com significado igual em diversas línguas (apesar de ser uma palavra francesa, sem adaptação); está fortemente relacionada com o mundo do espectáculo, como um todo, e com o mundo do cinema, em particular; e significa "estreia", que é aquilo que este álbum é: a estreia de Qwentin numa "longa metragem".
Para além de recorrer (fruto do acaso) ao leque de cores de Qwentin, a imagem transmite a teatralidade do conceito; e aquela tímida mão, que espreita da cortina, recorda aquele «nervoso miudinho» que se sente nos momentos que antecedem uma estreia (ou qualquer outro grande momento de uma vida). É o Qwentin que lá está, a espreitar-nos por detrás da cortina, de cada vez que pisamos um palco...

6 – Rui Duarte (Ramp):
A voz é um instrumento como qualquer outro. Determinadas vozes ficam bem em determinados "moods". O "Mind (the) Thieves" pedia uma voz como a do Rui - um amigo de longa data que sempre nos apoiou. E um grande vocalista de uma grande banda (que inspirou boa parte da nossa aprendizagem musical). O resultado final excedeu as nossas expectativas - o Rui vestiu mesmo a "camisola" de Qwentin.

7 – Projecções vídeo e teatralidades ao vivo:
A apresentação ao vivo é mais de metade da força do Qwentin. O guarda-roupa, a caracterização, a utilização de elementos teatrais (sejam interacções entre os músicos, seja com recurso a actores), a não-comunicação verbal directa com o público (o contacto é puramente físico, através de olhares, de linguagem corporal - a comunicação verbal é feita através de um narrador, uma "voz-off", que intercede em momentos-chave) e o recurso a imagens vídeo (que dão ao público uma ou outra pista para descodificar o "argumento" de cada tema interpretado) fazem do concerto de Qwentin uma poderosa experiência audiovisual, situada bem para lá de um mero espectáculo ao vivo.

8 – Influências musicais e outras:
Os gostos dentro da banda abarcam praticamente todo e qualquer estilo de música alguma vez criado. O Rock/Pop é o estilo de eleição, mas todos gostamos de música, seja qual for o estilo. Por vezes, é na musica mais ensossa do músico mais desinteressante que encontramos um determinado pormenor que nos abre uma série de portas à criatividade.

9 – Filmes recomendados pela banda:
Os melhores filmes, e os que mais influenciam a nossa música, são aqueles que acontecem na vida real. Apesar de tratarmos, nas nossas músicas, de temas como a fantasia e a ficção científica, isso não significa que não tenham um fundo de verdade...

10 – Raging Planet Records:
A ligação com a Raging Planet começou com um convite para integrarmos uma colectânea, com edição prevista para o início de 2008. O Daniel Makosch desafiou-nos a fazer a "cover" de um clássico da música portuguesa - optámos por fazer o "Zuvi Zeva Novi", de Mler Ife Dada.
Entretanto, tínhamos o disco finalizado e pronto a distribuir. Após uma série de reuniões para acertar todos os detalhes importantes, partimos para a edição conjunta - uma parceria que esperamos que se fortaleça e dê muitos frutos para ambas as partes, nos anos vindouros.

11 – Promoção ao disco:
13 Novembro: entrevista no Curto Circuito (Sic Radical);
15 Novembro: concerto no Bar Europa (Lisboa) - apresentação do álbum;
23 Novembro: concerto no Centro Cultural do Cartaxo;
08 Dezembro: concerto no Bar Som Líquido (Tavira), com Guernica Havoc;
09 Dezembro: showcase na Fnac da Guia (AlgarveShopping) - promoção do álbum;
20 Dezembro: concerto na escola Restart (Lisboa);
11 Janeiro: concerto no Centro da Juventude das Caldas da Rainha.

12 – Mensagem final:
O desconhecido começa já ali ao lado, naquela esquina que dobramos todos os dias sem pensar muito nisso.
Recordando "A Ilha", de Aldous Huxley: «"Aqui e neste momento, rapazes", salmodiou o pássaro. "Aqui e neste momento, rapazes."»

E claro... Não acreditem, é tudo verdade.Ass: Qwentin (foi mesmo respondido por todos os membros - Bárány Qwentinsson, Drepopoulos Qwentinsson, Gospodar Qwentinsson, Morloch Qwentinsson, Qweon Qwentinsson)
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http://www.qwentin.com/ / http://www.ragingplanet.web.pt/ / www.myspace.com/ragingplanetrecordsportugal

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